Confira a crítica de 'Querido menino', estreia com Timothée Chalamet
Produção aborda abuso de substâncias químicas
Ricardo Daehn
Publicação:22/02/2019 06:00
Relação de pai e filho é definada pela palavra %u201Ctudo%u201D em 'Querido menino'
Entre uma simples palavra — “tudo” — que define o valor do menino Nic para o pai dele, David Sheff, e um momento de afeto sem uso de nenhum diálogo, o longa Querido menino mostra a habilidade do diretor belga Felix van Groeningen (de Alabama Monroe) de fugir da cilada de um melodrama.
No novo filme, Groeningen trata de assunto sério que cerca a realidade alarmante dos norte-americanos: a principal causa de morte de pessoas com menos de 50 anos tem associação direta com overdose de drogas. Por oito anos, o coprotagonista David (Steve Carell) tem um feito a celebrar: o filho Nic (Timothée Chalamet, o rapaz de Me chame pelo seu nome) está afastado do consumo de drogas. Vale a lembrança de que o filme é baseado na vida real de um jornalista.
Na tela, Timothée Chalamet brilha no papel coadjuvante, a reboque de indicações para o Globo de Ouro, para o Bafta e para o Screen Actors Guild. Parte do comedimento está no roteiro assinado por Luke Davies, que respondeu por êxitos como Lion: Uma jornada para casa e Candy. A falta de expressividade e de colorido dos demais coadjuvantes joga contra parte da fita, entretanto.
Seguindo a escalada dramática do filme que mostra um pai de destino esfacelado, imobilizado (apesar de atuante) pelo comportamento instável do rebento, Carell demonstra a versatilidade vista em longas como Foxcatcher: Uma história que chocou o mundo (que lhe rendeu indicação ao Oscar), A melhor escolha e Café Society, além do recente Vice, em que desponta com cinismo na medida, pela composição de Donald Rumsfeld.
Em Querido menino, há momentos chocantes (e silenciosos) como o da descoberta da demência de Nic registrada em diário e outros tantos depressivos como a caminhada cambaleante de pai e filho — o final, entretanto, é compensador.