Filme biográfico de Mussum traz depoimentos de colegas e questões sobre a fama, que dura até hoje
'Mussum, um filme do Cacilds' tem direção de Susanna Lira e narração de Lázaro Ramos
Da capacidade de multiplicar casamentos (com direito a cinco filhos) ao dom de beber cerveja e se avançar em garrafas de cachaça largadas em despachos, muito da vida de Antônio Carlos Bernardes (o Mussum) soa a surpresa. Autora do aplaudido Torre das donzelas, a diretora Susanna Lira consegue expor, em Mussum, um filme do Cacildis, muitas questões atreladas ao incansável mangueirense que “teve estresse” e morreu afastado do samba que tanto amou, em 1994, de biocardiopatia dilatada.
Um dos primeiros negros a fazer sucesso — vide a fama que até hoje ecoa, no meio da internet, e de estar em 17 das 50 maiores bilheterias do cinema —, Mussum (nome dado por Grande Otelo) ganha um bom retrato, apesar de o recurso cansativo da linguagem narrativa plasmada de Ilha das Flores (premiado curta de 1989). O roteiro é de Michel Carvalho e Bruno Passeri, com narração de Lázaro Ramos.
“Ele veio pronto”, sentencia o amigo Renato Aragão, ao falar do parceiro. “Em pé, sem cair; deitado, sem dormir; sentado, sem cochilar — fazendo posis”, como Mussum declara, ele tem não apenas a veia de humorista exposta. — tanto que a mais bela passagem talvez toque a educação informal repassada para a mãe, a empregada doméstica Malvina.
Mecânico, militar, tocador de reco-reco, periférico, e, segundo o pesquisador e cineasta Joel Zito Araújo, “um preto que não gostava de ser chamado assim”, Mussum segue propagando a inquietação, a militância e a alegria daquele parceiro de Jair Rodrigues e músico criativo do grupo Os Originais do Samba.
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