'Meditation Park' traz à tona o despertar de uma mulher
Filme mostra uma dona de casa madura ainda em busca do autoconhecimento e da felicidade
Ricardo Daehn
Publicação:03/05/2019 06:01Atualização: 03/05/2019 12:22
Dramas familiares dão o tom de Meditation park
Com a carreira iniciada em meados dos anos 1960, a atriz Pei-Pei Cheng (O tigre e o dragão) tinha muito para brilhar em Meditation Park, mais recente longa da diretora Mina Shum. Mina é dona de expressiva projeção por causa da sistemática parceira nas telas com a estrela Sandra Oh, também presente neste novo drama.
Ao lado de Tzi Ma (A chegada), Pei-Pei vive a parcela filosófica de Bing e Maria, casal desgastado pelo tempo e sufocado pelas tradições, pela ordem. Sandra Oh dá vida a Ava, filha dos idosos que se pretende um ponto de equilíbrio.
“Eu não escuto ninguém”, chega a se gabar a protagonista, ao ser interpelada por uma amiga com ácida constatação acerca do legado da idade, capaz de completar: “E pode saber que ninguém escuta você”.
Com a autoestima balançada, Maria quer novidades como a de superar as dificuldades com o idioma, quer emprego e ainda quer provas de um amor incondicional que o marido já é incapaz de lhe proporcionar.
Em camadas de situações que não parecem muito naturais, o roteiro força uma amizade de Maria com o vizinho Gabriel (o convincente Don McKellar, de Ensaio sobre a cegueira). No curso da trama, brotam dificuldades do passado da família em foco, revela-se o caráter conciliador de Maria e algumas tentativas de o casal se modernizar.
Sem muito traquejo, a diretora contrapõe a desesperança e estagnação de um homem conservador à tentativa de dissolução da opressão de uma mulher que sempre renegou parte de sua individualidade. Mas tudo vem sem muita lógica ou naturalidade.