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17/MAR/2024

'Cemitério maldito' acerta nas cenas de terror e na escolha do elenco

Baseado em livro de Stephen King, o filme surpreende com um enredo intenso

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Ricardo Daehn Publicação:10/05/2019 06:01Atualização:09/05/2019 17:27
A (primeira) morte de Church é o estopim para uma série de acontecimentos estranhos em Cemitério maldito (Paramount/Divulgação)
A (primeira) morte de Church é o estopim para uma série de acontecimentos estranhos em Cemitério maldito


No conforto de casa, de banho tomado e nos braços paternos, uma das protagonistas de Cemitério maldito, a pequena Ellie (Jeté Laurence), teria tudo para estar bem sob a felicidade do dedicado pai, que celebra a presença dela: "Ah! Minha garotinha!". Mas, nem tudo é o que aparenta neste filme dos codiretores Dennis Widmyer e Kevin Kölsch, capazes de retomarem, com maestria, uma inspiração vinda tanto de texto de Stephen King quanto de longa-metragem de sucesso de fins dos anos 1980.

No aconchego do lar, a menina Ellie está alterada, com a voz mais grave, um olho parado, e, amante do balé, ainda desempenha, em cena, uma dança, mas descoordenada, à perfeição de uma revolta interna que cultiva. Cemitério maldito é assim: feito de elementos inexplicáveis e aterradores.

Na trama, Ellie é a filha do médico Louis (Jason Clarke, de O exterminador do futuro: Gênesis) e que, ao lado da mãe Rachel (Amy Seimetz), se muda para uma área rural, na qual poderá brincar melhor com o pequeno Gage, o irmão dela. Na casa ao lado, vive o idoso e prestativo Jud (John Lithgow, sempre competente). Ainda que pese um clima de mistério, tudo vai bem até um episódio inquietante: a morte do gato de estimação da família, Church, vítima de atropelamento. Confirmando o senso comum, das vidas extras, o gato volta, mas numa versão bastante agressiva.

Fora do campo da racionalidade, o filme ganha intensidade pela exploração da ambiência. Rituais do passado e lugares que acomodam energias diferenciadas, ao longo da passagem de gerações, se impõem. Junto com isso, há uma tortura mental que acompanha alguns dos personagens. Em um dado momento, até mesmo mortes deixam de ser alternativas assustadoras. "Morrer é natural", defende o patriarca, antes de ser abalado com a perda do jovem Victor Pascow, numa de suas operações de emergência.

Com cenas muito fortes que envolvem crianças transtornadas, o longa impressiona pela maneira com a qual administra crises de consciência de alguns tipos, além de trazer imagens da violação de túmulos. Cadáveres são arrastados, em muitos momentos, sem muita cerimônia.

Pela maneira como administram despedidas drásticas e personagens às vias de esgotamento mental, os diretores coletam méritos. Além de tudo, a menina Jeté Laurence, a Ellie do enredo, é um achado. Ela projeta o talento, entre personagens donos de movimentos retorcidos. Sobram ainda tipos suturados com arame, além de os realizadores explorarem o domínio de vidas que convivem com aberrações ou mesmo cercadas de pessoas em condições indesejadas.


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