Brasília-DF,
25/ABR/2024

'Kardec' tem direção de arte primorosa. O roteiro, nem tanto

Com roteiro frágil, filme sobre Allan Kardec patina, podendo ser muito melhor

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Ricardo Daehn Publicação:17/05/2019 06:06Atualização:16/05/2019 18:38
O roteiro de Kardec é baseado em best-seller de Marcel Souto Maior (Daniel Behr/Sony Pictures/Divulgação)
O roteiro de Kardec é baseado em best-seller de Marcel Souto Maior

 
Com muitas boas intenções, o longa Kardec traz abordagens, infelizmente, atuais, ao tocar em questões como intolerância, opressão secular do clero e o pendor a modismos. Implantar o componente da dúvida, em “tempos estranhos” (1852), é um dos acertos do roteiro, que coloca o protagonista Allan Kardec (muito bem representado por Leonardo Medeiros) confrontando ciência, descobrindo métodos e observando uma doutrina vista com desconfiança, mas que prega domínio do perdão e do amor com efeitos recíprocos entre pares.

Sem levar a cabo o potencial do cinema, o diretor Wagner de Assis, sob a sombra do livro Kardec, a biografia (de Marcel Souto Maior), investe num tema sufocante: dilemas e embates no processo de codificação de "um tesouro" (metafórico), a doutrina espírita, que, numa sistematização em primeiro livro de Kardec, derivaria na venda de 30 milhões de exemplares.

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Ladeado pelo amigo Carlotti (Leonardo Franco, de Polícia Federal — A lei é para todos) e pela mulher, a musicista e professora Gabi (Sandra Corveloni), Kardec patina em dúvidas, à medida em que tateia a comunicação com os “amigos invisíveis”, num bê-a-bá de mediunidade (sem ele experimentar plenamente a mediunidade).

Falta vivacidade ao roteiro, composto e recomposto em mensagens que, integradas, se tornariam um marco revolucionário para a humanidade. Kardec acerta, ao ter uma direção de arte primorosa. No roteiro, a tinta de combate a dogmas e regras vazias chega sem muita sutileza. A ponderação, numa narrativa arrastada, brota da interpretação de Leonardo Medeiros, apoiado em virtudes e nobreza de caráter. De certeira mesma está o teor de frase inesquecível: "Breve, todos seremos parte do passado".


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