Jornada da vida, uma narrativa perfeita e irreal
Em um clima de nostalgia, paz, amor e caridade, o diretor do filme apresenta uma falsa simetria entre o negro europeu e o africano - quase como um pedido de perdão disfarçado
Correio Braziliense
Publicação:19/07/2019 06:06Atualização: 18/07/2019 17:50
Em 'Jornada da vida', diretor apresenta a relação entre os negros africanos e europeus
Um homem francês, de descendencia senegalesa, resolve retornar à África para promover o livro que acabara de lançar. Com uma criação no padrão europeu de se viver, Seydou Tall chega até o continente africano e se depara com uma realidade diferente da imaginada. Nesta terra, algumas pessoas o idolatram, apesar de tratarem o autor como apenas mais uma pessoa no local.
O diretor traz uma falsa simetria ao alinhar o negro europeu com o negro africano, em um clima de nostalgia, paz, amor e caridade — quase como um pedido de perdão disfarçado. A tática funciona bem com o enredo do filme trazendo uma visão de simplicidade e humildade pelo olhar de Seydou, que não encara a África como um ambiente turístico e de lazer.
O garotinho Yao é ponto importante dentro da narrativa perfeita — e irreal — construída por Philippe Godeau em Jornada da vida, que acaba por deixar a produção literária em segundo plano — em prol de uma questão humanitária.