O irônico cartaz do longa de estreia de Félix Moati precisa apenas de uma imagem (em caricatura) para encerrar muito do que está exposto na trama de Os dois filhos de Joseph: um pai caminha de mãos dadas com os filhos — e o detalhe está no fato de se assemelhar a uma criança, enquanto os rebentos parecem mais decididos nos passos a serem tomados pelo clã.

 

Confira as sessões aqui 

 

A inconstância numa segurança na vida, diante de descaminhos e guinadas observadas na trajetória dos adultos, se torna exemplar para o jovem Ivan que, adolescente, e filho de Joseph (o excepcional Benoît Poelvoorde, de Um banho de vida), além de irmão de Joaquim (Vincent Lacoste, de Conquistar, amar e viver intensamente), vive a turbulência e os conflitos da idade.

Com brilho e magnetismo, o jovem ator Mathieu Capella, que dá vida a Ivan, se vale dos olhos esbugalhados e de uma introspecção que conferem profundidade a seu personagem. Ora pretensioso e arrogante, Joaquim dá, muitas vezes, abertura a uma ligação intensa com Ivan. Algo inconsequente, entretanto, não se deixa abalar pelo prenúncio de enorme fracasso na carreira universitária.

Já o pai — passado o forte impacto deixado pela morte do irmão — não oferta punho forte na remada assertiva, à frente do comando da família. Numa das cenas mais constrangedoras para o personagem (e mais amargas para os espectadores), Joseph se apoia num filete (nada entusiasmante) de suposto talento literário, numa leitura bizarra de seus textos, em círculo de convidados. Contraposta à abandonada carreira na medicina, antes satisfatória, Joseph só faz acentuar a crise de Ivan.

 

Assista ao trailer