'Histórias assustadoras para contar no escuro' chega aos cinemas
A produção conta com as macabras ilustrações de Stephen Gammell
Histórias que, repetidas, curam ou machucam, interferindo na realidade. Nesses termos, em meio aos rituais de Halloween, na pequena Mill Valley dos anos de 1960, o diretor norueguês André Overdal (A autópsia) ambienta o longa que presta reverência aos textos de Alvin Schwartz, macabramente ilustrados por Stephen Gammell. Com citação direta ao mestre do terror no cinema George A. Romero, o longa explora ambientes de drive-in, de histeria política (com os Estados Unidos interferindo no Vietnã), com lembrança dos livros queimados em praças públicas da teatral As bruxas de Salém, e ainda acoplando discriminação ao “imigrantezinho” Ramón (papel de Michael Garza). Vale a lembrança que o mexicano Guillermo Del Toro é produtor da fita.
Um livro, de fato, escrito com derramamento de sangue embala o enredo a cargo de roteiristas envolvidos em filmes de sucesso como Jogos mortais e Uma aventura Lego. Remorso é algo que envolve a protagonista Stella (Zoe Colletti), prestes a sentar em frente à máquina de escrever e dar vazão à criatividade que carrega. São, entretanto, os monstros que desfilam ao longo das tramas que alargam o medo inerente ao filme. O espantalho Harold é exemplar: lento, com aspecto rudimentar e estalos, a cada passo, ele é imbatível. Há ainda o Homem Furioso (contorcido e com trejeitos do Venom visto no cinema), o doberman silencioso e uma criatura que reclama pelo dedão jogado como ingrediente numa sopa caseira. A gravação sonora de sessão de tortura com choques também não dá alívio.
Um tanto longo demais, o filme que descreve a cidade que entrou no mapa dada a avalanche de crimes tem como elementos de humor a convivência mantida pelos amigos Chuck (Austin Zajur, meio excessivo na forçação de gags) e Auggie (Gabriel Rush). Tratando de vingança, de fundamentalismo na criação de filhos, de lendas urbanas e de casas mal-assombradas, Histórias assustadoras deixa marcas, num ambiente rural, em que livros, palhas e até espinhas ganham outras dimensões. Bizarro.
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