Brasília-DF,
21/NOV/2024

Misto de documentário e ficção, 'O corpo é nosso!' discute o feminismo

Com vasta pesquisa visual, música, moda e saúde feminina, maxixe, samba, derrière, anticoncepcionais e vestimentas são temas abordados pela perspectiva da liberdade das mulheres

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Ricardo Daehn Publicação:06/09/2019 06:13Atualização:05/09/2019 18:25
Theresa Jessouroun, a diretora de 'O corpo é nosso!', batalha por um retrato mais justo na condição das mulheres
 (Kino Filmes/Divulgação)
Theresa Jessouroun, a diretora de 'O corpo é nosso!', batalha por um retrato mais justo na condição das mulheres
 
Distantes da capacidade de mera admiração masculina, as mulheres do longa O corpo é nosso! não escondem que sofrem. Muitas não detêm o respeito mínimo de parcela dos homens que teimam em contornar aspectos da modernidade que trazem repertório de bem-estar de agrupamentos que equilibrem direitos (e deveres) do sexo que, como canta (em dado momento do filme) Elza Soares, traz a "carne mais barata do mercado".
 
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Abraçando o papel de um jornalista relutante em assumir um lugar de fala que, a princípio, não seria dele, Renato Góes dá o pontapé na trama que serve, na verdade, de moldura para o desfilar de questões levantadas no filme assinado por Theresa Jessouroun, sempre reconhecida pelos estandartes que aprofunda: o campo da música e a inexatidão da justiça, quando essa cerca protagonistas marginalizados.

A exposição de um corpo resgatado "na marra", imerso num protagonismo ramificado em cotidiano da vida, na celebração da aparência e no comando de ações, como defende a ativista Tainá Kapaz, uma das consultoras do longa, está sublinhada nas interferências extremamente positivas de personalidades como a historiadora Mary del Priore e o crítico musical Rodrigo Faour.

Com didatismo muitas vezes arejado pelo compêndio de pesquisa visual, música, moda e saúde feminina estão em foco na fita. Tudo brota da análise de elementos bomba para a parcela mais favorecida da sociedade, com quê escandalizado diante de manifestações como funk e atitudes de legitimação de espaço, como no caso da famosa Marcha das Vadias. Pesa na análise de Jessouroun, o sentimento de luta conjunta (entre homens e mulheres) que preponderou nos anos de 1960 e 1970, para a libertação da mulher. Nesse ressaltar histórico, salientado pela pesquisadora Célia Resende, pesa a idealização de nova parceria entre os gêneros que ampute racismo e machismo.

Ver a mulher, particularmente a negra (como dito no filme), dona de referencial num espaço de beleza, e não meramente num lugar de desejo, está entre os objetivos de especialistas que prestam depoimentos no filme como a psicóloga Lumena Aleluia (que demarca os "convites violentos" de ódio à estética e à pele). Libertações e estudos que encampam temas como maxixe, samba, derrière, anticoncepcionais e vestimentas nunca são demais em busca de uma sociedade menos conflitiva.
 
 


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