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22/OUT/2024

Série 'Downton Abbey' inspira filme homônimo; confira crítica do longa

Longa conta com opulência visual e avanços sinalizados pela ruptura da subserviência feminina

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Ricardo Daehn Publicação:25/10/2019 06:05Atualização:24/10/2019 19:05
O filme surgiu da série de sucesso homônima (Universal/Divulgação)
O filme surgiu da série de sucesso homônima

Brotada do sucesso televisivo de série homônima, Downton Abbey (agora, um filme) aposta no time vencedor: pesa no projeto o talento do diretor Michael Engler e a habilidade do roteirista Julian Fellowes, ao apresentar um emaranhado cênico que contemple retrato da sociedade inglesa, em meados dos anos de 1920. Junto com crises e desafios para a prole dos influentes Robert (Hugh Bonneville) e Cora (Elizabeth McGovern), que comandam uma propriedade no condado de Yorkshire, na trama do longa está delineada preocupante situação para nobres e empregados dada a proximidade de visitantes ilustres: o rei George V (Simon Jones) e a rainha Mary (Geraldine James).

Divergências políticas, problemas domésticos e embates de variados segmentos sociais que habitam a enorme propriedade fazem parte do enredo. Para além do talento do roteirista Fellowes (cujo nome despontou como revelação no longa Assassinato em Gosford Park) e do mesmo diretor de A sete palmos, Downton Abbey abre espaço para a capacidade de condensação do montador Mark Day (lembrado por Ex-machina e por uma série de filmes da franquia Harry Potter).

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O alvoroço se instala, no enredo, com quente notícia vinda do Palácio de Buckingham capaz de, até mesmo, reabilitar o posto de mordomo para o aposentado Carson (Jim Carter). Na cozinha da imponente mansão, a senhora Patmore (Lesley Nicol) tem a rotina confrontada por Monsieur Courbet (Philippe Spall), designado chefe do banquete real; a hilária anciã Violet (a veterana Maggie Smith) diverte todos com as medidas debochadas e o viúvo Tom Branson (Allen Leech) parece esboçar os primeiros sorrisos, como apêndice na influente família Crawley.

Nem só os mortais de menores posses enfrentam as dificuldades cotidianas: a princesa Mary (Kate Phillips) vê o casamento na corda bamba, ao mesmo tempo em que Lady Edith (Laura Carmichael), num momento especial, esbarra em convenções sociais — mesmo obstáculo a ser superado pelo enrustido personagem Barrow (Robert James-Collier), tolhido da função de mordomo e de maiores voos na vida particular.

Junto com o florescimento de muitas relações amorosas — a despachada Daisy (Sophie McShera), por exemplo, se perceberá atraída pelo encanador Sellick (James Cartwright), colocando em risco o futuro casamento com Andy (Michael Fox) —, há o exame de preconceitos na narrativa do filme. Contra as inaceitáveis situações, uma frente de peso se forma, com as personagem de atitude como Mary Talbot (Michelle Dockery) e Maud (Staunton Maud).

Atribuindo qualidades até mesmo para o “subestimado” Maquiavel, a personagem de Maggie Smith rouba a cena, junto com o desajeitado serviçal Molesley (personagem de Kevin Doyle). Elencando estratégias de sabotagem, com a quebra de hierarquias sociais, e examinando as exigências da monarquia, o roteiro do filme (apesar de assimilar algo de novela) é precioso, como entretenimento. Por trás de paisagens com enorme amplitude e um suposto tom de austeridade e descanso, há, como se pode notar, muita poeira jogada para baixo dos espessos tapetes da mansão da instável família Crawley.
 
 

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