Confira a crítica de 'Cicatrizes', uma das estreias da semana
O longa apresenta uma mãe indo até as últimas consequências para saber sobre o desaparecimento do filho
Ricardo Daehn
Publicação:14/02/2020 06:03Atualização: 14/02/2020 09:47
Em meados dos anos de 1980, um filme argentino ganhou o mundo (e o Oscar de melhor produção estrangeira), ao revelar uma brecha que ocasionou o sumiço de incontáveis bebês durante a era da ditadura. A trama de A história oficial parece ecoar no filme sérvio Cicatrizes, conduzido por Miroslav Terzic. O filme, exibido no Panorama do Festival de Berlim, entretanto, revela uma vala comum para os casos de perdas e devastação mental de familiares que sobreviveram à guerra civil na Iugoslávia (até os anos de 1990).
Ana se torna vítima de bullying social em 'Cicatrizes'
Confira as sessões disponíveis do filme
Partindo de um caso real, o diretor coloca Ana (a comedida atriz Snezana Bogdanovic) num apartamento pequeno e repleto de espelhos. Mesmo tão visível, Ana parece não se reconhecer — falta sentido e estímulo para viver — e protagoniza uma saga interminável para encontrar uma verdade para o trauma de, sem ter visto o corpo do filho, enfrentar sua presumida morte. Às vias de perder a sanidade, Ana se revolta e passa a investigar contradições do caso, pendente por quase duas décadas.
Costureira de profissão, sai alinhavando elementos para se descolar de uma burocracia inimaginável. Mesmo dentro de casa, o comportamento obstinado dela cria indisposições junto à filha Ivana (Jovana Stojilijkovic). Numa espiral de acontecimentos, o espectador testemunha conquistas e retrocessos da protagonista. Dolorosa e incompleta, a jornada (selecionada pela Sérvia para uma esperada vaga no Oscar de melhor produção internacional) é triste e, igualmente, reveladora.