Lasanha é sucesso entre os brasileiros. Confira as diferentes receitas do prato
Diversos ingredientes podem ser usados para fazer o prato tipicamente italiano
Rebeca Oliveira
Renata Rios
Publicação:28/10/2016 06:45Atualização: 27/10/2016 12:12
Ronny Peterson, do Gero: é tempo de alcachofra no restaurante italiano
Ela viajou quase 10 mil quilômetros para chegar até nós. Uma vez instalada em solo brasileiro, a lasanha virou praticamente coisa nossa. Criada na região da Emília-Romanha, é um dos únicos pratos encontrados em toda a Itália.
Nas próximas páginas, elencamos nove combinações com a receita. Alguns critérios não mudam: camadas intercaladas por molho e ao menos um tipo de proteína.
Da clássica bolonhesa da Trattoria da Rosario a uma versão vegetariana, com legumes, no Bhumi, atendendo a um público cada vez mais crescente. Tem até lasanha de chocolate, salvação para os chocólatras inventada pela Brigadeirando.
Tire da mente a ideia dos congelados e superindustrializados. A lasanha legítima é feita com massa seca fresca e recheada, preferencialmente, com legumes da estação.
Em sua essência, em nada tem a ver com micro-ondas. Exige forno e, para o recheio, os chefs e cozinheiros podem ficar até três horas no fogão.
“É um prato que se basta, único, e que pode ser compartilhado. Apesar de parecer fácil, ele exige que se use produtos selecionados e queijos nobres. O parmesão que utilizo custa mais de R$ 80, o quilo”, comenta o italiano Gustavo Urbano Blasetti, do Il Basílico, que prepara a receita de maneira típica, sem fusões.
“Elas remetem a almoços em família, na casa dos avós. Têm mais saída à noite e durante a época mais fria. Se estiver quente durante o dia. Raramente é vendida em dias quentes”, explica Ronny Peterson, chef do Gero.
Esta semana o restaurante tem a iguaria com massa de espinafre e recheio de alcachofra, em alta dada a sazonalidade do legume.
Respeito à sazonalidade
Chef do restaurante Gero desde a abertura da casa em Brasília, em 2011, Ronny Peterson se mantém fiel aos saberes gastronômicos italianos. Berço mundial das massas, a Itália cultiva um intenso respeito à sazonalidade do alimento.
O chef não titubeia em acrescentar uma fruta ou verdura que esteja em safra ao menu, mesmo que não conste no cardápio fixo. Delas, extrai um sabor mais puro, intenso e principalmente fresco, já que não usa conservas ou congelados.
Boa demonstração recai na lasanha de alcachofra (R$ 85), item que respeita a safra do ingrediente, em alta entre os meses de outubro e dezembro. “Mas não se iluda: apesar de parecer light e ter espinafre na composição, a massa vem caprichada na quantidade de parmesão e molho rosé, um casamento do molho sugo com creme de queijo”, conta.
Artesanalidade é palavra de ordem no restaurante e a lasanha é feita na hora, principalmente por ter ovo entre os ingredientes. A alcachofra surge, também, gratinado com creme de parmesão em cama de aspargos salteados. A entrada custa R$ 53.
Berinjela, abobrinha, cogumelos, gorgonzola e muçarela de búfala: lasanha vegetariana do Il Basílico tem muitas camadas de sabor
Clássico de cara nova
Italiano da região do Lácio, ao centro da Itália, Gustavo Urbano Blasetti difunde as tradições do país em que nasceu no Il Basílico, estabelecimento que começou com um box na Quituart, no Lago Norte, e hoje se expandiu para um bistrô, aberto há poucos meses no Park Sul.
Embora a sua predileção seja pelo clássico — a indefectível lasanha de ragu (R$ 52, para duas pessoas), com molho bolonhesa cozido por três horas —, Blasetti atendeu a um pedido do público vegetariano, uma fatia cada vez maior do mercado, e lançou mão de uma lasanha personalizada para eles.
Chama lasanha alle verdure (R$ 52, serve duas pessoas) a liguaria ao molho de tomate, berinjela, abobrinha, cogumelos, gorgonzola, muçarela de búfala e molho bechamel, variação da receita típica da Emília-Romanha.
Na Itália, Gustavo não trabalhava como chef. Mas a cozinha sempre foi algo significativo na vida do empresário. Uma vez formado no Sebrae, ele se arriscou e montou o Il Basílico, endereço onde a lasanha é elogiada aos montes. “O pessoal do Sul da Itália leva uma travessa enorme para a praia. Brincamos que é a farofa deles”, diverte-se.
No Bartolomeu, o chef Almir Campos se arrisca e aposta em peixes como estrelas da lasanha
Peixe, por que não?
Na hora de imaginar uma lasanha, dificilmente um preparo de bacalhau vem à mente, mas é exatamente essa a aposta do chef Almir Campos, do Bartolomeu Restaurante. No local, a lasanha de bacalhau (R$ 88, para duas pessoas) é uma das sugestões para quem deseja apreciar a massa.
“Essa é uma das lasanhas que mais saem na casa. Ela vem com pedaços de bacalhau, fica muito saborosa”, afirma Almir Campos, chef do Bartolomeu.
Segundo ele, o preparo leva molho bechamel com um toque de queijos — parmesão, catupiry, muçarela de búfala e gorgonzola — e a montagem do preparo é simples. “Alterno entre camadas de massa, bacalhau e molho. Coloco também tomate, azeitona e brócolis”, descreve.
Outra opção inusitada é a lasanha de salmão (R$ 88, para duas pessoas). “O salmão é um peixe delicado, para não quebrar eu apenas selo as fatias e coloco na montagem”, explica Almir. Segundo ele, na receita, é utilizado o mesmo molho da lasanha de bacalhau: “O molho não pode ser forte para não apagar o sabor dos peixes”, finaliza.
Truque de família
Na hora de gratinar, Almir Campos leva para cozinha um segredo que aprendeu com o pai. O chef coloca pedaços pequenos de torrada junto ao queijo. Dessa forma ele garante uma amada
crocante nos preparos.
Sem glúten, por favor
Vegetariano há mais de 20 anos, Gilberto Costa Manso é um expert em fazer boas trocas. No Bhumi, a carne vermelha não dá as caras. E nem faz falta. O glúten também costuma ser evitado. A lasanha vegana leva abobrinha com palmito de pupunha, queijo de caju, pimentões coloridos, alcaparras, azeitona, cenoura e tomate seco. O item está disponível hoje no bufê do restaurante por R$ 56,90.
Em vez da massa branca de farinha de trigo, o que garante a estrutura da lasanha são finas fatias dos legumes. Outro ingrediente curioso é o queijo de caju — que, na verdade, é um nome alternativo das castanhas de caju hidratadas em água e batidas no processador.
“Campanhas históricas como a Segunda sem carne ajudaram a popularizar o vegetarianismo e o veganismo, que já não soam tão estranhos”, comemora Gilberto. Ele também enxerga um aumento na procura e na disseminação de informações sobre os alimentos orgânicos.
Quinta e domingo, Costa Manso realiza uma feirinha no restaurante. Outro movimento que ganha força é o CSA, ou comunidade que sustenta a agricultura. “São grupos que entram em contato diretamente com o produtor de orgânico. O Bhumi serve como ponto de encontro desses grupos aos sábados”, comenta.
Um lugar cativo
No próximo mês, o restaurante italiano Piacere ganhará uma nova identidade. O endereço passará a ser chamado de Deguste e funcionará como gastropub. A decisão da proprietária, Celina Gonçalves, foi renovar o menu, moldando-a uma parcela mais jovem do público. “Vamos nos adaptar ao clima da cidade, mais quente, que combina com pratos leves e bebidas. Além, é claro, de estarmos de olho na situação econômica do país”, revela.
Apesar das mudanças drásticas algumas receitas cativas permanecerão intocadas. Uma delas é a lasanha de filé-mignon ao molho quatro queijos, por R$ 66 (para duas pessoas) ou R$ 35 (para uma). O item é preparado segundo uma receita clássica pelo chef Gerfeson Araújo, que usa massa fresca. Sazonalmente, a lasanha recheada com cordeiro também aparece no cardápio, pelo mesmo preço.
Tradicionalíssima
O chef Rosario Tessier aposta em uma gastronomia típica italiana na hora de servir seus clientes na Trattoria da Rosario. No fim de semana, ele sugere a lasanha a bolonhesa (R$ 59), receita típica do centro-norte italiano. “A lasanha é um preparo tradicional dessa região, que é a capital da massa fresca”, afirma o italiano.
Na casa, a lasanha à bolonhesa é feita sem presunto nem muçarela. “Na Itália, esse preparo leva apenas a massa, molho bechamel, molho a bolonhesa e grana padano fresco”, descreve. Outro ponto que ele destaca é a importância de bons ingredientes para um bom resultado final. “Minha bolonhesa é feita de filé-mignon com cebola, alho, um toque de cenoura, louro, vinho tinto, tomate e extrato de tomate. Fica um molho bem saboroso e temperado.”
De fato, a bolonhesa é a estrela do preparo. “Esse molho é o que dará sabor à massa, então deve estar muito saboroso, até para o bechamel não se sobressair”, explica. Segundo o chef, o molho passa cerca de cinco horas sendo preparado, dessa forma, fica mais espesso. “O molho deve ficar bem reduzido, dessa forma a lasanha não vai desmontar ao ser servido”, finaliza.
Simplicidade e ares caseiros dão o tom do Lasanha Maravilha
Lasanha e nada mais
Grande comprovação do sucesso que a lasanha faz com o público local foi a abertura do Lasanha Maravilha, há cinco anos. A marca das sócias Alessandra Vasconcelos Barbosa e Laura Baldan da Costa vende apenas o item em 11 diferentes sabores. Os recheios são clássicos e carregam aquele ar caseiro que faz da lasanha um dos preparos mais reconfortantes que existem.
Preenchida com tomate, manjericão, muçarela e molho sugo, a de margherita custa R$ 22. Por R$ 18, o de peito de frango desfiado vem com muçarela e molho branco ou ao sugo. O diferencial é o sistema “pegar e levar”, mas em vez de congelada, a massa já vem pronta para consumo. “Para nos destacar em relação às outras rotisseries optamos por não trabalhar com congelados”, conta Alessandra.
Em tempos de recessão, uma boa notícia. Diariamente, a Lasanha Maravilha faz um mimo aos fregueses e disponibiliza uma receita por preço promocional e fixo de R$ 15, uma razão a mais para adquirir o produto, com praticidade ideal para ser degustado naquele almoço do escritório ou visita inesperada em casa.
Para o almoço de domingo
A Cantina da Massa é um dos locais da capital onde se pode curtir um ambiente agradável e comer uma boa massa. O endereço conta com um espaço interno aconchegante e uma área externa igualmente confortável para quem prefere ficar em uma espécie de jardim de inverno durante a refeição.
As lasanhas da casa são feitas todas com a massa fresca e servidas tanto no restaurante, quanto para retirada no balcão (R$ 55, o quilo) e finalizadas em casa. “Lasanha é um prato 'família'. Muita gente vem com os parentes comer aqui e muitos também optam por levar para casa, especialmente nos almoços de domingo”, explica a proprietária, Alda Bressan.
Entre os sabores que Alda sugere estão a quatro queijos (R$ 49,90), feito com catupiry, roquefort, parmesão e muçarela, tudo desmanchado no creme de leite. Ou, também, a lasanha de frango (R$ 49,90). “Fazemos um frango ensopado bem temperado com a coxa e a sobrecoxa para deixar o sabor do molho melhor”, ensina a proprietária.
Todas as camadas da lasanha na Brigadeirando levam chocolate
Com chocolate e sorvete
A lasanha já ocupa um espaço especial no coração (ou no estômago) dos amantes de massa, mas a combinação proposta pela Brigadeirando promete arrancar suspiros dos chocólatras também. O preparo do local leva camadas de brigadeiro, brownie e até uma de kinder chocolate (R$ 26,90). “Por enquanto essa é a única variação, mas quem sabe criamos outras”, brinca o sócio Rodrigo Germano.
É uma sobremesa de comer com os olhos. A base é feita com brownie. Depois, vem uma camada de brigadeiro branco, outra fatia de brownie, brigadeiro de leite, creme de chocolate e a kinder chocolate para finalizar. “Esse preparo é um sucesso, as pessoas veem a foto ou outro cliente comendo e já ficam curiosas”, explica.
Sobre a lasanha, proprietário do local, Rodrigo Germano, pondera que a receita é para quem ama chocolate. “Ele é forte, é realmente para quem gosta. Incluímos uma bola de sorvete para quebrar um pouco o dulçor, pois o brownie deixa preparo com sabor bastante presente”, descreve Rodrigo.
ONDE COMER
Bartolomeu (Quadra 409 Sul Bl. C Lj 6; 3442-1169), aberto de terça a sexta, das 12h às 15h, e das 20h à 0h; sábado, das 12h à 0h; e domingo, das 12h às 16h.
Bhumi (113 Sul, Bl. C, lj. 34; 3345-0046), aberto de segunda a sábado, das 8h às 22h; e domingo, das 8h às 16h.
Brigadeirando (CLSW 100 Lj 9, Sudoeste; 4141-5679), aberto de segunda a sábado, das 11h às 19h; domingo, das 10h às 17h; (Ed. Real Celebration, Rua 37 Sul, lj. 5, Águas Claras; 3575-0521), aberto de terça a sábado, das 11h às 19h; e domingo, das 10h às 18h.
Cantina da Massa (302 Sul, Bl. A, lj. 4; 3226-8374), aberto de segunda a sexta, das 11h às 15h, e das 19h à 0h; sábado, das 11h à0h; e domingo, das 11h às 17h.
Gero (Shopping Iguatemi Brasília, Térreo; 3577-5520), aberto de segunda a sexta, das 12h às 15h30, e das 19h à 0h; sábado, das 12h às 17h, e das 19h à 1h; e domingo, das 12h às 17h, e das 19h às 23h.
Il Basílico (SGCV, Park Sul; 98347-3295), aberto de quarta a sábado, das 18h às 23h30; e domingo, das 12h às 16h30.
Lasanha Maravilha (SAUS, Qd. 4, Lt. 9/10, lj. 188, térreo, Ed. Victória Office Tower), aberto de segunda a sexta, das 11h30 às 17h30.
Piacere (408 Sul, Bl. B, lj. 7; 3443-5479), aberto de terça a sábado, das 12h às 15h30, e das 19h à 0h; e domingo, das 12h às 16h.
Trattoria da Rosario (SHIS QI 17 CL, Ed. Fashion Park, Bl. H; 3248-1672), aberto de terça a sexta, das 12h às 15h, e das 19h30 à 0h; sábado, das 12h às 16h, e das 19h30 à 0h; e domingo, das 12h às 17h.