Brasília-DF,
25/ABR/2024

Marmitas são alternativas versáteis, equilibradas e saborosas

Além do arroz, feijão e bife, as marmitas vendidas no Distrito Federal oferecem pratos que se adequam a diferentes tipos de dietas e cabem no bolso

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Rebeca Oliveira Renata Rios Publicação:29/09/2017 06:00Atualização:29/09/2017 17:47

Houve um tempo em que comer marmita  era um atestado de que a grana estava escassa. O cenário mudou. “Marmitar” virou um verbo, dito com frequência e sem medo do preconceito. Essa mudança de hábito foi impulsionada por uma procura em melhorar a qualidade nutricional do que se come e tem a ver, também, com a flexibilidade de se adaptar a restrições alimentares.
 
Apesar de permitirem uma economia significativa no fim do mês, a quentinha do dia não deve ser escolhida pelo preço. É necessário cautela ao comprar o prato feito. Em julho, uma pesquisa da Universidade Católica de Brasília atestou que muitas são vendidas em condições precárias (contrárias ao que recomenda a Vigilância Sanitária) e têm quantidade de calorias maior que 800, muito acima do recomendado pelo Programa de Alimentação do Trabalhador.
 
O Divirta-se Mais fez a curadoria e elegeu nove marmitas que são saudáveis e saciam. O preço é em conta. Por fim, atendem a vegetarianos, veganos, celíacos e intolerantes à lactose.
 
Engana-se quem supõe que só de arroz com feijão são compostas as marmitas vendidas no Distrito Federal. Uma das quentinhas diferentes e servidas em sistema de delivery é o donburi, tigela com arroz e proteína que faz muito sucesso em terras orientais. “São muito comuns no Japão. É a comida do dia a dia deles, como se fosse o PF brasileiro”, explica Nowan Takematsu, que administra o Donburi.
 
São muitos os que começaram a vender as famosas quentinhas por necessidade e, a partir delas, despertaram a vontade de construir negócios sólidos. Foi o caso de Meire Gontijo, proprietária do D’Lurdes. “O crescimento foi imediato. Em seis meses paramos de vender na janela de casa e montamos o restaurante”, relembra a empresária. 
 
Lucas Andrade e Meire Gontijo: D%u2019Lurdes teve pontapé com a venda de quentinhas na janela de casa (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Lucas Andrade e Meire Gontijo: D%u2019Lurdes teve pontapé com a venda de quentinhas na janela de casa
 

Quentinha para a história

A história do D’Lurdes está intrinsecamente ligada às marmitas —  e até hoje elas estão entre os itens mais procurados pelos clientes do restaurante tipicamente mineiro. Antes de comandarem um empreendimento bem-sucedido, com 200 lugares e até 1000 refeições servidas diariamente, os sócios do espaço vendiam quentinhas na janela de casa.
 
“Começamos por necessidade. A empresa da família faliu e tínhamos chegado há pouco tempo de Belo Horizonte. Como havia um pouco de experiência no ramo de gastronomia, resolvemos vender marmita”, recorda-se Meire Gontijo.
 
Pratos regionais como a galinhada com arroz, feijão, angu e chuchu refogado agora dividem o menu com alternativas com toque contemporâneo. No último caso, a “parcela de culpa” é de Lucas Andrade, chef recém-contratado. É dele a autoria de sugestões como as tulipas de frango com maionese de bacon, arroz, feijão, batata rústica e salada. As duas combinações custam R$ 12 no tamanho econômico. Ambas saem rapidamente. Basta solicitar no balcão em espaço reservado para esse serviço. 

Democrático, o arroz e o feijão são as estrelas do Pê efe, onde a dupla vem acompanhada ainda de bife, vinagrete e farofa de biju (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Democrático, o arroz e o feijão são as estrelas do Pê efe, onde a dupla vem acompanhada ainda de bife, vinagrete e farofa de biju

Arroz, feijão e bife

Quem vai ao Pê efe se depara com um cardápio simples e com aquela comidinha de casa, feita apenas com alho, cebola e pouco sal, mas que provoca suspiros em quem experimenta. “A gente faz tudo na hora, tanto para o almoço quanto para o jantar, não guardamos nada, afinal, comida fresquinha é bem mais gostosa”, garante a gerente da casa, Lucineide Moreira.
 
Entre as opções, o bife de alcatra figura entre os favoritos. Por R$ 18, o cliente recebe a carne, arroz, feijão-preto, farofa de biju e vinagrete. Claro que as opções não acabam aí, e o cliente pode pedir complementos para o prato, como a batata frita (R$ 4,50), a salada (R$ 4,50), ovo na chapa (R$ 2) ou cebola na chapa (R$ 2).
 
Lucineide ainda comenta que o local preza pela agilidade do serviço. “A gente recebe muitos alunos no horário de almoço ou pessoas que vêm comer para voltar para o trabalho, por isso é importante que a comida não demore”, explica. 
 
Ela ainda informa que é possível que o cliente programe um cardápio e combine no estabelecimento as entregas. Vale ressaltar que a embalagem para viagem sai por R$ 2 e a taxa de entrega varia de acordo com a localidade, com preço mínimo de R$ 3.

Na Marmitaria Express, o cardápio muda diariamente (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
Na Marmitaria Express, o cardápio muda diariamente

Novidade todo dia!

Há cinco anos Tatyane Lima abriu o Marmitaria Express e a ideia, não tão comum à época, emplacou com peso na capital. “As pessoas procuram marmitas que tenham qualidade e bom preço e é essa a nossa proposta”, explica a proprietária. No local, a palavra de ordem é a variedade e isso se reflete nos preparos que não só mudam diariamente, como seguem cinco modelos.
 
Um exemplo de marmita servida no local é o filé de frango ao molho de ervas, no menu de amanhã. “Essa é uma marmita leve e bem característica: arroz colorido, feijão e purê de batata e a proteína”, descreve Tatyane. A omelete costuma aparecer como uma alternativa vegana, como é o caso da omelete de berinjela. “Procuramos variar não só as proteínas, como as guarnições. Temos gratinado de batata, panaché de legumes e farofa de cuscuz com ovos, por exemplo”afirma a empresária.
 
Há outros tipos de marmita. A fit (R$ 16,50, com 300g) conta com uma carne magra, como frango ou peixe, arroz integral e legumes. A top (R$ 23, com 350g), por outro lado, vem com carnes mais nobres, como a picanha e o salmão. Tatyane ressalta que, apesar da variedade, um prato é sagrado e repete toda sexta: a feijoada (R$ 18,50, com 400g; R$ 30, com 700g).

Espécie de PF japonês, donburi tem arroz e um tipo de proteína (Romulo Juracy/Divulgação)
Espécie de PF japonês, donburi tem arroz e um tipo de proteína

Quentinha japa 

Donburi significa “tigela” em tradução literal do japonês. Assim como outras tradições orientais como o sushi e posteriormente o noodle, a receita típica da Terra do Sol ganha apreciadores de forma exponencial no Distrito Federal. Não tão conhecido no Brasil quanto em solo japonês, onde equivale ao brasileiríssimo arroz com feijão e bife, o item consiste em arroz japonês acompanhado de algum tipo de proteína.
 
Na marca da cidade batizada com o mesmo nome do prato, ele pode vir com karaague, nome dado ao frango à moda japonesa — ao gengibre e empanado no amido de milho —, na companhia de cebolas e finalizado com calda de molho teriyaki (R$ 22,90). Ou com carne suína empanada (tonkatsu) com ovo e cebola ao molho levemente adocicado, a partir de R$ 25,90.
 
“O arroz é preparado apenas com água, sem nenhum tempero. É mais saudável porque tem zero sódio. Escolhemos complementos que minha mãe, Rosa Takematsu, fazia em casa. A gente gostava tanto que pensou que outras pessoas deveriam gostar também”, lembra-se Nowan Takematsu, a terceira geração de imigrantes japoneses da família que decidiu fazer de Brasília um lar.

Na Treviso, os preparos servidos no rodízio são os mesmos da marmita (Rodrigo Nunes/Esp. CB/D.A Press)
Na Treviso, os preparos servidos no rodízio são os mesmos da marmita

Do Sul para a sua mesa

Para quem trabalha, almoços longos e tranquilos nem sempre são uma alternativa. Logo, um rodízio não cabe no restrito cronograma. Pensando nisso, a Treviso Pizzaria e Galeteria disponibiliza para os comensais parte do rodízio em uma caprichada marmita. “A qualidade é a mesma, a diferença é só a praticidade de poder levar”, garante o gerente Leandro Fronva.
 
Por R$ 15, o cliente recebe arroz carreteiro, polenta frita, espaguete à bolonhesa e galeto. “Essa marmita é bem farta, pesa cerca de 800g”, afirma o gerente. Ele ainda explica que os preparos podem ser adaptados à preferência do consumidor.
 
“Tem gente que pede para colocar apenas macarrão, outros, só o carreteiro. Fazemos essas alterações sem problemas”, reforça. Ele ainda sugere que o cliente experimente as sobremesas do local.
 
Quem está com tempo pode experimentar o rodízio da casa (R$ 44,90, de segunda a sábado; R$ 49,90, aos domingos). Entre as opções disponíveis estão galeto, costelinha ao barbecue, arroz carreteiro, massa à bolonhesa, maionese, molho de ervas, polenta e salada.

Aberta em 1980, a Carne de sol 111 começou a vender marmitas em 2007, com a Carne de sol 111 Express (Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press.)
Aberta em 1980, a Carne de sol 111 começou a vender marmitas em 2007, com a Carne de sol 111 Express

Tradição em casa

A Carne de sol 111 é uma das casas tracionais de comida nordestina na capital. Aberta desde 1980, atualmente é administrada pelos filhos de Ronaldo Teixeira, o fundador do local. Guilherme e Cleber Vale Teixeira viram, lá em 2007, uma oportunidade nas marmitas e investiram na Carne de sol 111 Express, onde o cliente encontra pratos individuais para viagem.
 
No menu, as opções são versões menores dos famosos pratos da casa. A clássica carne de sol (R$ 28,90) vem com paçoca, arroz, feijão-de-corda e mandioca. “Antes do Express, tínhamos apenas a carne de sol grande, o que limitava muito nossa clientela”, explica Guilherme Teixeira. O proprietário ainda destaca que a carne de sol servida é feita na própria casa.
 
O local ainda oferece as opções de lombo suíno (R$ 28,90) e de filé de frango (R$ 28,90), ambos com arroz, paçoca, feijão-de-corda e mandioca. E o proprietário ainda informa que, caso o cliente queira comer em sua própria casa, atualmente o restaurante disponibiliza pratos individuais para comer no local.
 
Elliquênia de Oliveira opera com diferentes formatos de marmita (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Elliquênia de Oliveira opera com diferentes formatos de marmita
 

A vácuo ou na loja 

Se a primeira ideia que vem à cabeça quando o pedido é comida pronta, rápida e barata é fast food, é hora de rever conceitos com o Light Cooking. No site ou na loja da Asa Sul, vários produtos são vendidos em embalagens individuais, a vácuo, bastando aquecer em banho-maria ou no micro-ondas. A marmita nunca foi tão leve, em vários sentidos.
 
As seções são muitas, com destaque para a de carboidratos, em que aparece o purê de mandioquinha (R$ 4,45, com 100g), e a de proteínas. O estrogonofe de filé-mignon com creme de ricota custa R$ 8,45 (100g). O salmão grelhado ao molho de ervas, R$ 14,60 (100g). 
 
Antes de ser acondicionada a vácuo e sem nenhum contato com oxigênio, a refeição é resfriada em temperatura entre 3ºC e 4ºC. 
“Esse modelo de embalagem é inovador. Ele garante os nutrientes e a comida fica mais saborosa. Não é aquela comida aguada, resultado dos cristais de gelo que se formam quando o prato é congelado de forma tradicional”, diferencia Elliquênia de Oliveira, criadora da marca. A dica é tirar da geladeira um pouquinho antes de consumir.
 
Se a fome é grande, a Light Cooking opera com pratos quentes na unidade física, para comer por lá. O frango xadrez com arroz integral mais brócolis e abobrinha (R$ 15,50) vigora entre as alternativas que também vão para o lar do glutão, com taxa de entrega gratuita por conta do recente lançamento.
 
Outra alternativa são os programas de alimentação em vários níveis e com cardápio previamente definido. A nutricionista responsável chama-se Silvana Pereira França. Uma das opções recai no mix de frango com batata-doce. Com 21 refeições, o combo que mistura os dois alimentos idolatrados por quem faz exercícios físicos sai a R$ 217,70.

Feijoada vegana com feijão-preto, tofu defumado, salsicha e linguiça vegana e vegetais, à venda no Vegan-se (Arquivo Pessoal)
Feijoada vegana com feijão-preto, tofu defumado, salsicha e linguiça vegana e vegetais, à venda no Vegan-se

Prazer sem (nenhuma) culpa

No Vegan-se, não basta que a marmita seja saudável. É preciso, também, ser consciente. Esses são os ideais por trás da empresa capitaneada pela culinarista Cynara Amt, adepta da alimentação sem nenhuma proteína ou ingredientes de origem animal há mais de duas décadas.
 
Na loja ou no delivery, o leque de possibilidades vai desde o tofu empanado ao molho agridoce com arroz integral e acelga, vagem, cenoura e brócolis orgânicos a já clássica feijoada vegana com feijão-preto, tofu defumado, salsicha, linguiça vegana e vegetais. As duas combinações custam R$ 22, com 450g.
 
Em um lanche rápido vale experimentar a coxinha de jaca (R$ 5, a unidade) associado ao suco lábios vermelhos, um misto de maçã, beterraba, cenoura e gengibre, por R$ 9. Nenhuma das receitas têm lactose.

As refeições do Sabor Light contam com a assinatura das irmãs nutricionistas Júlia Zanello e Giovana Zanello (Vualá Design/Divulgaçã)
As refeições do Sabor Light contam com a assinatura das irmãs nutricionistas Júlia Zanello e Giovana Zanello

Light e prático 

Júlia zanello e Giovana Zanello, irmãs e nutricionistas, surfaram na mesma onda que o Light Cooking depois de perceber a demanda do brasiliense por uma alimentação equilibrada, mas tão prática quanto aquela quentinha vendida no isopor e na frente do escritório.
No Sabor Light, os produtos também são divididos em categorias, que vão de almoço, jantar e lanches a bolos especiais. Podem ser pedidos pelo site ou encontrados para pronta-entrega.
 
Com baixo carboidrato, iscas de filé com couve, a carne moída bovina com purê de abóbora e a carne moída de frango com repolho. Os três custam R$ 14,50, com 200g. Vegetarianos não foram desamparados. O risoto de soja, comercializado por R$ 14,50, satisfaz e tem toque gourmet.
 
Sem glúten e lactose, a unidade pequena dos bolos de cenoura, banana ou maçã saem a R$ 6, cada. O pacote semanal com sete pães do café da manhã, sete almoços (com 300g cada marmita), sete lanches e sete jantares ou sopas é vendido por R$ 195,80.

ONDE COMER

Carne de sol 111 
(111 Sul, Bl. B, lj 4 a 12; 3346-0603), aberto de segunda a sábado, das 11h às 23h45; domingo, das 11h às 17h.

D’Lurdes 
(QE 30, Cj. K, cs. 9, Guará II; 3382-6625), aberto de terça a domingo, das 11h às 15h.

Donburi 
(99427-5001 e 3321-0860), delivery segunda, das 11h às 14h30; e de terça a domingo, das 11h às 14h30, e das 17h às 22h. Taxa de entrega de R$ 7,90 (Asa Sul e Norte) a R$ 15 (Sudoeste, Noroeste, Lago Sul, Cruzeiro e Octogonal).

Light Cooking 
(407 Sul, Bl. A, lj. 16; 3547-3130), aberto de segunda a sexta, das 8h às 19h; e sábado, das 9h às 13h. Delivery com taxa de entrega promocional a R$ 10, para qualquer endereço do Distrito Federal.

Marmitaria Express 
(CCSW 6, Bl. B/c, lj 57; 99932-1970), aberto de segunda a sábado, das 11h às 14h30.

Pê Efe 
(405 Sul, Bl. C, lj 2, 3242-5892), aberto de segunda a sábado, das 11h30 às 22h; domingo, das 12h às 22h.

Sabor Light 
(CLSW 103, Bl. A, lj. 15, subsolo, Sudoeste; 3032-4874), aberto de segunda a sexta, das 8h às 19h; e sábado, das 8h às 15h.

Treviso Pizzaria e Galeteria 
(413 Norte, Bl. C, lj 69;3585-3000), aberto de terça a sexta, das 11h às 15h; sábado e domingo, das 11h30 às 16h30.

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