Conheça restaurantes que oferecem opções veganas no cardápio
Aos poucos, os preparos veganos ganham espaço no menu e estrelam cardápios de estabelecimentos não especializados neste tipo de culinária
Renata Rios
João Paulo Zanatto*
Melissa Duarte*
Publicação:04/10/2019 06:01Atualização: 03/10/2019 18:11
O veganismo é um movimento que cresce em todo o mundo. Os veganos não consomem produtos que tenham origem animal, isso não só inclui carne, ovos, leite e mel, como também produtos feitos de couro e até cosméticos testados em animais. O impacto do veganismo na alimentação de uma pessoa é grande e requer preparos pensados para esse público. É cada vez mais comum na capital se deparar com restaurantes que oferecem receitas veganas, apesar de não serem especializados nessa cozinha. Confira alguns locais selecionados pelo Divirta-se Mais que trabalham com receitas sem derivados animais.
Um exemplo é o SAJ, que trabalha com a gastronomia libanesa. Dentro do universo milenar das receitas árabes, não é incomum se deparar com opções vegetarianas e veganas. A receita do faláfel, além de deliciosa, não leva nenhum produto animal, feito à base de grão de bico. “O grão de bico é um ingrediente muito nutritivo. Ele é rico em proteína, por exemplo, que é importante para quem adere a essa dieta”, pontua Carla Abbud, proprietária do SAJ.
Outro local que conta com receitas pensadas para o público é o Espaço Cavaná — Café e bistrô. No local, a chef Mirian Brito oferece tanto prato principal, quanto sobremesa, ambos sem derivados animais. “Hoje em dia, todo grupo de pessoas tem algumas restrições alimentares. Procurei fazer um cardápio que oferecesse opções para esse público”, explica.
Também pensando nisso, a Quitinete conta com receitas veganas e vai além: “Começamos a trabalhar com receitas veganas por demanda dos nossos clientes. Dessa forma, atendemos a grupos sem excluir ninguém”, explica Patrícia Kellen, proprietária da casa. Ela conta que percebeu a necessidade e trabalha com um menu mais inclusivo há alguns anos na casa.
*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira
Receita milenar
A gastronomia árabe, apesar de trazer tradições milenares, parece sempre atual. As receitas atendem a diversas restrições alimentares, pela variedade de preparos que não utilizam derivados animais. “A comida vegana não é uma novidade para a gente. Usamos muitos legumes na cozinha libanesa, além de as receitas serem fáceis de adaptar”, relata a proprietária do SAJ, Carla Abbud.
Carla conta que, ao inaugurar o SAJ, a ideia era trabalhar com receitas tradicionais no estabelecimento. “Temos a unidade de Brasília há menos de um ano. Vemos que as pessoas têm procurado mais receitas veganas ou vegetarianas”, informa.
Durante o horário de almoço, o local trabalha com o bufê por quilo, além das opções a la carte. “Trabalhamos apenas com a gastronomia árabe na casa, inclusive no bufê”, pondera Carla. Ela sugere que o cliente vegano experimente algumas alternativas, como o tabule, o babaganoush (R$ 32, a porção; R$ 16, meia -porção), o mhammara (R$ 38, a porção; R$ 19, meia-porção), o húmus (R$ 32, a porção; R$ 16, meia-porção) e o faláfel (R$ 35, a porção; R$ 18, meia-porção). “O grão de bico é muito rico em proteína”, destaca, sobre o ingrediente, que protagoniza tanto o faláfel quanto o húmus. Para os vegetarianos, ela sugere ainda o quibe de abóbora recheado com cotage, ervilha torta e cenoura (R$ 41).
O grão de bico é recorrente nas receitas do SAJ
Portuga natureba
No Caliandra Café, o tradicional cozido português ganha adaptação vegana. “O prato é bem tradicional. No entanto, começou a surgir a demanda de ter opções veganas no cardápio”, conta Vinícius Campos, um dos proprietários do estabelecimento.
O cozido português vegano (R$ 60) serve duas pessoas e trata-se de vegetais cozidos em caldo de abóbora com ervas frescas retiradas do próprio jardim deles. Servido em uma panela de barro, o prato é acompanhado de arroz e pirão de caldo de vegetais. “Nós tiramos as carnes que vêm no prato tradicional, mas um ponto importante na preparação dessa adaptação é que cada legume tem um ponto; então, temos que cozinhar individualmente”, aponta Vinicius, que ainda dá outra opção no cardápio vegano, dessa vez individual: a pasta Carlos (R$ 35), massa penne grano duro — preparo feito sem ovos — com castanhas, uva-passas e legumes puxados no azeite com ervas frescas.
Para Vinícius, é importante a inclusão de pratos veganos no cardápio. “Há uma demanda cada vez maior a respeito dessa filosofia, e não é só de pessoas veganas. Tem vezes que até mesmo alguns que não são veganos buscam por esses pratos”. Ele também destaca que tem sido um desafio criar um menu vegano para o café da manhã da casa. “Eu fiz algumas receitas, mas ainda não ficou legal para o nível do restaurante”, finaliza.
Os legumes são cozidos separadamente, para atingir a textura correta de cada ingrediente
Fetucine diferentão
As comidas veganas podem ser uma experiência inusitada tanto para os adeptos dessa cozinha quanto para os curiosos. Devido as limitações dessa cozinha, é comum substituições, para fugir de ingredientes como ovos, leite e outros derivados animais. Na Quitinete Gourmet, os clientes contam com receitas criativas e deliciosas para o público vegano.
Um exemplo é a criação do chef da casa Antônio Roberto: o fetucine de pupunha (R$ 63). A receita substitui o macarrão, que leva ovo, pela pupunha cortada no formato do macarrão. No caso, o fetucine vem com molho de tomate orgânico e manjericão e é acompanhado por almôndegas de abobrinhas com aveia e farinha de grão de bico.
Para um lanche, a dica é o hambúrguer vegano (R$ 33) — feito com pão semi-italiano, hambúrguer de grão de bico com cenoura, creme de palmito, palmito grelhado, alface e tomate. Ou, ainda, a crepioca funcional (R$ 13,90), com polvilho, banana, baunilha, canela e mel. “Começamos a trabalhar com isso há quatro anos e a procura é muito boa”, conta Patrícia Kellen.
Têm até festival
Às quintas, a Quitinete trabalha com o festival vegano. Na data, tanto no almoço quanto no jantar o público conta com criações do chef Antônio Roberto. Em 10 de outubro, o público pode pedir o prato vegano — com montagem de abacate, abacaxi, palmito cebola-roxa, tomate-cereja, shimeji grelhados, azeite e pesto. O festival custa R$ 59,90 com entrada, prato principal e sobremesa, todas receitas veganas.
O fetucine de pupunha vem com almôndegas de abobrinha
Em família
Espetinho pode ser sinônimo de família, amigos e muita diversão. Na Don Espettoria, casa especializada em espetos na brasa, não seria diferente. Lá, é tudo em família, de um jeitinho bem brasileiro: naturais do DF, os proprietários, Cristiano e Eliane Magalhães, se inspiraram e apostaram no sucesso da culinária mineira para montar o estabelecimento — hoje gerenciado pelo genro Pedro Henrique Montanaro — três anos atrás.
Mas se engana quem pensa que só carnívoros se dão bem. Com cenoura, cebola, abobrinha, berinjela, pepino e pimentão, o espetinho vegano (R$ 9,90) é também a opção mais barata e virou queridinho entre os comensais. “Por conta da demanda, a gente achou legal colocar opções veganas e vegetarianas no cardápio”, conta Montanaro.
Os vegetarianos podem se deleitar com o clássico espetinho de queijo coalho (R$ 10,90), que ganha toque agridoce com melaço de cana, e o de provolone (R$ 11,90). Entre as baguetes (R$ 8,90), podem escolher entre o tradicional de pão de alho e o de alho-poró. “A maioria das pessoas que comem não são veganas ou vegetarianas”, ressalta o gerente. Por isso, são opções, também, para expandir o paladar. Para acompanhar, nada melhor que cerveja gelada: a Heineken (R$ 12,90, 600ml) é a que os clientes mais pedem.
Espetinho vegano da Don Espettoria conquistou a clientela
Pizza na pegada vegana
Não comer carne e derivados de animais não é motivo para deixar de ir à pizzaria. Na Pizza à Bessa, a clientela pode escolher entre 10 opções veganas (R$ 55, com oito pedaços): oito salgadas e duas doces. Na busca por opções, a casa encontrou a muçarela à base de batata. “Ela derrete mais, tem uma liga boa na hora de unir massa e recheio”, garante a sócia Waleska Jatobá.
A novidade é a redonda de estrogonofe de soja com batata palha: de tão bem-aceita, acaba de voltar ao cardápio. “O gosto, a textura e a aparência são bem próximos aos do estrogonofe de frango”, afirma a administradora. Outra queridinha do pedaço é a de shitake e palmito. “O toque especial é o cogumelo in natura, porque tem sabor mais suave. O palmito fica mais tenro, mais macio no azeite (que substitui a manteiga)”, conta.
A clássica mistura de rúcula com tomate não fica de fora. Entre as doces, a Tropical — queijo vegano, coco ralado, abacaxi, pêssego, morango (em época de safra) e melado de cana — é de comer com os olhos e dar água na boca. “É uma mistura diferente, bem brasileira”, acrescenta Waleska. Se o comensal não quiser uma das opções da casa, é possível montar na hora. “O interessante é que a gente consegue transformar qualquer pizza sem carne em vegana”, finaliza.
Receitas veganas da Pizza à Bessa têm no tempero de azeite e sal o segredo para o sabor
Pode hambúrguer? Sim!
No O Carcará Hamburgueria há opções para aqueles que optam pelo estilo vegano. Desde o início, a casa trabalha com um hambúrguer voltado a esse público pois, de acordo com Thiago Henrique, proprietário do estabelecimento, é um mercado que cresce cada vez mais.
“Nós temos um público muito fiel. Fomos um dos primeiros lugares de Taguatinga a ter uma opção de verdade pensada para esse público. Muitas vezes, vão amigos que decidiram sair para comer e vêm aqui, porque existe essa opção no cardápio”, conta Thiago.
Há dois tamanhos do hambúrguer de grão-de-bico: o de 90g (R$ 22,90) e 180g (R$ 31,90). Um dos destaques é a opção acompanhada por alface, tomate, molho e abacaxi com canela. Para petiscar, Thiago recomenda o torresmo veggie (R$ 13,90 e R$ 21,90): uma porção de penne frito (feita com macarrão sem ovos) temperado com lemon pepper e acompanhado do molho Carcará, exclusivo da casa.
O hambúrguer vegano foi pensado para atender a esse público crescente
À moda italiana
Nas origens italianas, a bruschetta surgiu para aproveitar sobras de pão de forma bem simples: levá-lo ao forno ou à frigideira com azeite e tomate. Com o tempo, o tira-gosto caiu no paladar brasileiro e conquistou fiéis comensais. Na Due Trattoria e Bruschetteria, não é diferente. “É difícil ter comida italiana que não seja com carne, quase toda massa tem ovo”, comenta o chef e proprietário Ivan Castro. Mas isso não é problema no local.
O dono não revela o segredo do prato, só diz que é o pão italiano com receita da casa. O que muda entre uma e outra bruschetta é o recheio. A tradicional é a Due Pomodore (R$ 11, individual; R$ 19, porção) — ou Dois tomates, na tradução brasileira: além do pão torrado com alho e azeite, leva tomate italiano em cubos, tomate seco, mais azeite e manjericão. Para a Tapenade (R$ 13, individual; R$ 22, porção), a bruschetta também ganha azeitona e berinjela.
Como são veganos, os pratos atendem a quem sofre de restrições alimentares, como intolerância à lactose e alergia à proteína do leite. Servidas frias, o ponto delas é serem crocantes por fora e macias por dentro. A sobremesa indicada pelo chef é o Sorbet de banana (R$ 15), com mel, canela, castanha e banana congelada. No entanto, os veganos não ficam de fora dela. “A gente sempre adapta as receitas”, ressalta Castro, que realiza substituições a pedido do cliente.
Na culinária italiana da Due Trattoria e Bruschetteria, a Tapenade é uma boa pedida vegana
Para todas as tribos
A chef Mirian Brito é a responsável pelas caçarolas do Espaço Cavaná — Café e bistrô. Na hora de montar o menu do estabelecimento, ela pensou nas próprias experiências, a fim de tornar a ida ao local o mais agradável possível para pessoas com e sem restrições alimentares. “Tenho uma filha que é vegetariana, sempre que saímos, era um problema”, relembra.
No menu da casa, a chef fez questão de incluir uma receita sem derivados animais. Trata-se do estrogonofe de cogumelo acompanhado por arroz negro e finalizado com macadâmias. “Para essa receita, uso biomassa de banana para espeçar o molho. Não leva nenhum derivado animal”, conta. Ela ainda destaca que a aceitação foi tão boa que ela pensa em incluir outros preparos para esse público. “Cada vez mais, as pessoas pedem preparos sem carne, mesmo não sendo vegetarianas ou veganas”, diz.
Para a sobremesa, o destaque vai para o pudim feito com chia e leite de coco e finalizado com creme de manga com gengibre e limão. Na receita, a chef revela que a textura mais espessa se deve à chia, que, ao ser hidratada, dá essa característica. “A ideia foi mostrar que a comida vegetariana ou vegana pode ser divertida e gostosa”, explica.
O pudim de chia com leite de coco com creme de manga é uma sobremesa leve e refrescante
Il nostro gelato
Seja no calor ou no frio, o sorvete é uma sobremesa que agrada a muitos. Uma excelente pedida são os gelatos veganos do Brazilian Ice Cream. De acordo com o mestre gelatiere Bruno Lopes, eles fazem bastante sucesso com a clientela. “Faço sempre questão de ter pelo menos seis sabores veganos na vitrine. É importante atender a esse público, pois são carentes de produtos de qualidade que sejam saborosos”, aponta.
O mestre gelatiere conta que a base da sobremesa é de sorbet, ou seja, é à base de água e não contém caseína, a proteína presente no leite. Há todo um cuidado com os ingredientes. “Nossos ingredientes são todos certificados pelo selo de associação dos vegetarianos da Europa e há também um cuidado na hora da preparação para não ter contaminação cruzada”, salienta Bruno Lopes.
Os gelatos (R$ 8,99, 100g) estão disponíveis em vários sabores, mas Bruno ressalta dois: “O de chocolate Nero, que é feito com 75% de cacau de Gana, e o de pistache são alguns que mais se destacam”. Ainda há de maracujá, caju, quiuí, entre outros.
Feito com chocolate 75%, o sorvete de chocolate Nero é uma das opções veganas
Onde comer
Brazilian Ice Cream
(CLSW 301, Bl. C, lj. 44), aberto de segunda a domingo, das 11h às 23h; (209 Sul, Bl. A, lj. 37), aberto de segunda a domingo, das 11h30 às 23h30; (R. 7 Norte, Max Mall, lj. 10, Águas Claras), aberto de segunda a domingo, das 12 às 23h; (QI 5, Gilberto Salomão, Lago Sul), aberto de segunda a domingo, das 11h às 19h. Mais informações no Instagram: @brazilianicecream e pelo telefone: 3041-4848.
Caliandra Café
(Estação Ecológica Jardim Botânico de Brasília, SMDB, cj. 12, ed. Casa de Chá, Lago Sul; 99136-1859), aberto de terça a domingo, das 9h às 17h. Almoço a partir das 12h.
O Carcará Hamburgueria
(QSA 11, lt. 10, Taguatinga Sul; 3024-3429), aberto de terça a domingo, das 18h30 às 23h30.
Don Espettoria
(103 Norte, Bl. D, lj. 3; 3256-3230), aberto de segunda a quarta, das 11h30 às 15h e das 17h30 à 0h; de quinta a sábado, das 11h30 às 15h e das 17h30 à 1h.
Due Trattoria e Bruschetteria
(209 Norte, Bl. D, lj. 59; 3352-1018), aberto de terça a quinta, das 18h às 23h30; sexta, das 18h à 0h; sábado, das 12h às 16h e das 18h às 23h; e domingo, das 12h às 16h.
Espaço Cavaná — Café e bistrô
(CRNW 510, Bl. B lt 2 lj 9, Noroeste; 99646-7242), aberto de terça a quinta, das 16h às 22h; sexta e sábado, das 8h às 23h; e domingo, das 9h às 16h.
Pizza a Bessa
(214 Sul, Bl. C, lj. 40; 3345-5252), aberto diariamente das 18h à 0h. As unidades de Águas Claras e do Sudoeste não possuem cardápio vegano.
Quitinete
(209 Sul, Bl. B, lj 5; 3242-0506), aberto diariamente, das 6h30 à 0h.
SAJ
(STN, cj. J, Boulevard Shopping, lj 107; 3257-3195), aberto de segunda a sábado, das 11h30 às 22h; domingo, das 12h às 22h.