Desbrave a culinária nacional neste feriadão; confira algumas sugestões!
No feriado da Proclamação da República, que tal comer algo bem nacional? Confira onde encontrar receitas brasileiras
Renata Rios
João Paulo Zanatto*
Melissa Duarte*
Publicação:15/11/2019 06:00Atualização: 14/11/2019 19:20
Em 15 de novembro de 1889, ocorria a Proclamação da República do Brasil. Para exaltar o orgulho do país que existe em cada brasileiro, o Divirta-se Mais selecionou receitas das cinco regiões do nosso território para o leitor aproveitar o feriado desbravando gostos de cada lugar.
Entre as gastronomias que pulsam na cidade, a nordestina tem um lugar especial. As receitas dessa região marcam a cidade, e o Bolo Luiz Felipe é um desses exemplos. Feito no Bolos da vovó tal qual manda a tradição, a receita arranca suspiros de nordestinos saudosos, que encontram na receita um pedacinho do Nordeste.
Outra região que está ganhando força no Brasil e no mundo é a Norte, marcada pela riqueza de insumos, dos mais variados possíveis. “A gastronomia do Norte é muito rica e muito farta. Gostamos de porções grande”, afirma Maria de Nazaré, que herdou o ponto Delícias do Pará da mãe, dona Jacirema, que passou mais de 35 anos à frente do negócio.
Para os sulistas, a Galeteria Gaúcha oferece receitas características daquela ponta. O galeto temperado com ervas e servido em forma de rodízio conta com acompanhamentos típicos. Para fechar a refeição, o sagu é uma tradição deliciosa de se conhecer — ou manter.
Ainda pouco difundida, vale experimentar a gastronomia capixaba. Gouthier Dias executa com maestria pratos do Espírito Santo, entre eles, a moqueca capixaba. Ele ainda destaca que a gastronomia do estado tem influências tanto indígenas quanto portuguesas.
Em Goiás, aqui no Centro-Oeste, o empadão goiano entrega a origem no nome. O preparo ofertado no Pamonha Pura é feito com as seguintes opções: frango, camarão e palmito.
*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira.
Orgulho do Pará
Maria de Nazaré é uma entusiasta da comida paraense. Proprietária do Delícias do Pará, herdado da mãe, dona Jacirema, o ponto é conhecido por oferecer a boa mesa paraense com fartura e qualidade. “Nosso menu é muito farto. Isso foi uma coisa que mamãe, como boa paraense, sempre insistiu”, relembra com um misto de saudade e orgulho.
Entre os preparos que a casa trabalha, o tacacá é um dos mais pedidos. A receita vem em três tamanhos (R$ 25, o pequeno; R$ 30, médio; R$ 35, o grande) e leva a goma de tapioca, camarão, jambu e tucupi. “Essa é uma receita forte e muito popular no Pará e aqui”, destaca Nazaré. A proprietária recomenda que os clientes peçam a combinação disponível para quem vai ao local com uma tigela de açaí e uma porção de pirarucu frito, tudo por R$ 30, com 300ml de açaí; ou R$ 35, com 500ml. “O açaí é muito pedido, sirvo ele com farinha de tapioca ou farinha d’água, e o pirarucu não tem nem o que falar. É um peixe delicioso”, informa.
Sobre os doces, as frutas amazônicas são um show a parte. Vale experimentar os bombons (R$ 6, cada) característicos do estado.
Novidades à vista
Para o mês que vem, Nazaré pretende começar a vender a cachaça de jambu produzida por ela. Ainda promete novidades no menu, como a galinhada paraense e o novíssimo Delícias do Pará, onde ela disponibilizará uma pequena quantidade dos preparos da região, como uma forma de o cliente conhecer mais dessa gastronomia.
O tacacá é uma das receitas que atende os amantes da gastronomia do Norte do país
Norte moderninho
Entre os locais que merecem prestígio e respeito, o Quituart é um ponto que atende como referência gastronômica na capital. Responsável por iniciar a carreira de grandes nomes da cidade, o espaço não para de revelar talentos e catapultá-los Brasília afora. Mais uma casa que ganha projeção e estende as asas é o Jamburanas, que abriu, recentemente, um novo espaço, agora na Asa Norte. Nesse novo ponto, um novo nome — nem tão distante do primeiro — Jamburitas.
No novo local, o cliente se depara com algumas receitas comuns a ambos estabelecimentos, como o trio de risotos com inspirações paraenses (entre R$ 45 e R$ 50, cada). “São releituras com referências do estado”, explica Patrícia Egito, sócia do local. No trio, risoto de pato com redução de tucupi e pesto de jambu, uma nova versão ao pato no tucupi; risoto de camarão com redução de taperebá e azeite de coentro; e risoto de tomate confitado com jambu e manteiga de castanhas. “Essa última é uma opção vegana”, complementa.
Se a ideia é um lanche, o Choripato (R$ 23) é uma bem-humorada versão do preparo feito na América Latina. A receita leva linguiça de pato com maionese de tucupi, chimichurri especial da casa e jambu. “Para acompanhar, temos palitos de banana-da-terra no lugar das batatas fritas. Fica tudo uma delícia”, finaliza Patrícia.
Ingredientes típicos do Norte formam o menu do Jamburitas
Dos pampas gaúchos
Diretamente do Rio Grande do Sul, o arroz carreteiro é um dos preparos que ultrapassaram as fronteiras do estado e se faz presente em todo o Brasil. Aqui na capital, a Galeteria Gaúcha serve o delicioso prato, que é sucesso nacional.
Como o carreteiro ultrapassou as barreiras fronteiriças, há regiões que fazem o preparo com carne de sol e carne seca. No entanto, Laura Sonda Gregol, sócia do restaurante, destaca que a casa serve o clássico. “Nosso arroz carreteiro é bem tradicional mesmo, com carne de charque.”
O tradicional prato gaúcho só é servido na casa aos sábados, como parte do rodízio (R$ 49), e se junta ao galeto, polenta, salada de maionese, macarrão, salada verde e molho de ervas. Laura conta, ainda, que a adição do carreteiro foi por demanda do público. “Os clientes pediam muito, porque no Sul você encontra (o carreteiro) em tudo quanto é lugar. Então, colocamos em um dia para agradar o público, e combina superbem com o galeto.”
O carreteiro acompanha o galeto aos sábados na Galeteria Gaúcha
Com cara de interior
O sabor do interior, da fazenda e da casa dos avós: no Forninho Mineiro, os brasilienses podem encontrar um pedaço de Minas Gerais na forma dos quitutes da casa. O negócio de família tem as receitas passadas de geração em geração e preparadas à mão, de forma artesanal. “Tudo é feito com ingredientes de lá. Até o ovo vem da roça, e o polvilho é do mais puro”, afirma a empresária Daniela Perfeito.
“São receitas de avó. Tudo me lembra a família”, continua. O tradicional pão de queijo (R$ 66,10, o quilo; R$ 3,50, a unidade) com café espresso (R$ 5,50, 80ml; R$ 8,50, 200ml) são a combinação perfeita para o lanche da tarde. “Tem casquinha por fora e é macio por dentro”, descreve. Nos sabores frango, camarão e palmito, por exemplo, os empadões (a partir de R$ 9,80, a unidade) não ficam de fora.
A rosca de canela (R$ 56,01, o quilo) é outro quitute que caiu no gosto dos comensais. O que surgiu como “receita de comadres em Araxá” começou a fazer sucesso no quadradinho pelas mãos de Cidalia Perfeito, mãe de Daniela, em 1976, que, até hoje, finaliza a receita. “A forma de enrolar (a rosca) interfere na leveza da massa. Fica bem desfiadinha”, revela a filha.
O pão de queijo é a cara e o gosto de Minas Gerais
Torta diferentona
Entre os estabelecimentos que se orgulham da gastronomia do estado de origem, o Vista Linda é um exemplo. No local, a gastronomia capixaba é apresentada com maestria nas mãos do chef Gouthier Dias, ou Guto, como é conhecido. “Trabalho com insumos do Espírito Santo. Meu urucum é de lá, por exemplo. Além disso, vale destacar que os peixes que oferecemos são pescados em alto-mar, por isso, não há perigo algum para a saúde”, informa, preocupado com a segurança alimentar, devido ao vazamento de óleo no litoral brasileiro.
Quando fala da gastronomia do estado, Guto conta empolgado: “É uma gastronomia que mistura muito a cultura indígena com a portuguesa”. Entre as receitas que exaltam essa fusão está a Torta capixaba. “Ela é tipo um suflê de ovo com bacalhau, sururu, lula, polvo, siri, camarão, azeitonas e palmito. “Esse prato é uma espécie de suflê e precisa ser pedido com 48 horas de antecedência”, informa.
No local, ainda vale experimentar a moqueca capixaba (a partir de R$ 144,90), para Guto, a verdadeira. “Agora, estamos trabalhando com camarões VG. Cada um tem entre 100g e 120g”, conta.
Os preparos capixabas são executados com maestria no Vista Linda
Tradição de Goiás
Com recheio de frango, linguiça, lombinho, azeitona, muçarela e batata, o empadão (R$ 13,90, goiano, 400g; R$ 14,90, com catupiri) faz sucesso entre os comensais que vão ao Pamonha Pura. “É uma refeição tipicamente de Goiás, bem suculenta”, descreve o proprietário Rômulo Lopes. Primeiro, é feito o recheio, depois a massa. O processo se repete todos os dias, para servir fresquinho.
A tradição goiana também se faz presente em Taguatinga, onde a primeira loja abriu há 24 anos. Além de batizar o local, as pamonhas (entre R$ 6 e R$ 8,50), com milhos selecionados, agradam a clientela. Entre os sabores salgados, tem a de lombinho e a versão à moda. Nos adocicados, a Romeu & Julieta, de goiabada com queijo, e a de creme de leite se destacam. Quem prefere o sabor tradicional de queijo pode optar pela de sal ou pela de doce.
“É cultural, um prato comum em Goiás, Minas Gerais e no Nordeste”, ressalta o empresário. Para acompanhar, o tradicional café coado (R$ 2,75, 90ml; R$ 3,75, 180ml), tem gosto de lanche da tarde. Sobremesa não pode faltar. Com leite e milho, o curau de milho verde (R$ 5,50, 180g) é conhecido como canjica na região Nordeste.
O sabor goiano faz o gosto e a cabeça da clientela do Pamonha Pura
Bem pernambucano
A culinária recifense desembarca em Brasília no Bolos da Vovó. Tipicamente do Nordeste, o bolo Luiz Felipe (R$ 22, 800g; R$ 17, 450g) ainda é pouco conhecido na cidade. “É um bolo com jeito de pudim, com cara de pudim, só que mais denso”, define a proprietária Maris Sousa Lima. Com leite, leite de coco, queijo parmesão e açúcar, a receita também ganha versão diet (R$ 25, 800g; R$ 18, 450g), indicada para diabéticos. O segredo da massa é bater até virar creme.
Outro quitute é o bolo Souza Leão (R$ 40, 800g; R$ 30, 450g), com massa puba de mandioca, muita gema e manteiga. “É um pudim com cara de bolo, voltado para o público do Nordeste”, descreve a empresária goiana, que morou na capital pernambucana durante quatro anos. Quem quiser um gostinho maranhense pode escolher o bolo de puba (R$ 30, 800g; R$ 20, 450g).
O comensal que desejar uma receita que não está no cardápio pode levar os ingredientes até o Bolos da Vovó para a equipe desenvolver a receita. “Uma coisa especial é que a gente trata a clientela com muito carinho. Se cliente chega com melaço ou levedo de cerveja e pede um bolo, a gente faz”, exemplifica.
No Bolos da Vovó, os comensais podem matar a saudade da terra natal
Onde comer
- Galeteria Gaúcha (SHIN CA 7, Bl. A, lj 94, atrás do Shopping Iguatemi; 3468-4082), aberto de terça a sábado, das 11h30 às 15h, e das 19h às 22h; domingo, das 11h30 às 16h.
- Pamonha Pura (QND 1, lt. 16, Taguatinga; 3962-8888; CSE 6, lt. 14, Taguatinga; 3028-4348; QI 33, Bl. A, lj. 15, Centro Empresarial Pedro Teixeira, Guará II; 3257-9444), aberto diariamente, das 15h às 23h.
- Bolos da Vovó (310 Sul, Bl. C, ljs. 2/4; 3541-0095; Q. 25, lj. 3, Setor Oeste, Gama; 99382-7806; BR-020, Posto Colorado, lj. 3, Sobradinho; 99668-0429), aberto de segunda a sexta, das 7h30 às 19h; e sábado, das 7h30 às 18h.
- Forninho Mineiro (402 Norte, Bl. E, ljs. 56/74; 3326-2556), aberto de segunda a sexta, das 8h às 20h; sábado, das 8h às 19h.
- Vista Linda (Rua 14, chácara 379, Núcleo Rural Lago Oeste; 3302-5939), aberto sexta, sábado e domingo, das 12h às 18h. Outros horários mediante agendamento prévio.
- Delícias do Pará (Feira de Artesanato da Torre de TV, Bl. R, Box 578; 3327-1590), aberto sexta, sábado e domingo, das 9h às 17h30.
- Jamburanas (QI 9/10, Canteiro Central, Quituart, Lago Norte; 98311-5115), aberto quinta e sexta, das 19h às 23h; e sábado e domingo, das 12h às 16h. Horário sujeito à alterações.
- Jamburitas (714/715 Norte, Bl. F, lj. 18; 98311-5115), aberto de terça a sábado, das 10h às 23h.