Na quebrada narra a trajetória de um grupo de jovens de classe baixa
Entre histórias de perdas e violência, os protagonistas descobrem uma nova maneira de expressar as suas ideias e as suas emoções: o cinema
Ricardo Daehn
Publicação:17/10/2014 06:02Atualização: 16/10/2014 16:39
Quem não for favorável à expressão artística alinhada à mudança, superação e inclusão pode passar longe de Na quebrada, filme de com produção de Cacá Diegues e direção de Fernando Gostein Andrade (Quebrando o tabu). Num roteiro por demais confuso - ainda que siga uma lógica cartesiana e estruturada em blocos -, a trama (que avança em ficção) parte de vivências de integrantes da ONG Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, dado a rimas possíveis entre cinema, comunidade e benefício coletivo.
Codirigido por Paulo Eduardo, ele próprio um exemplo do marco zero possível, num futuro (à primeira vista) socialmente limitado, Na quebrada parte de enredos brotados na São Paulo de 2001. Zeca (o convincente Felipe Simas) se liberta do sentimento de vingança que embala um drama pessoal, por meio do cinema. Indicado para um curso, ele quer reverter a tradição da família: não quer "virar peão".
Enfrentando algumas das contradições entre pertencer a uma "família suave" (como define uma das personagens) e o perrengue de "ser pobre", outros personagens estão enfocados. Há da órfã Joana ao desamparado Gerson, que sempre viu o pai atrás das grades, passando por Mônica, dona de boa visão, em meio aos parentes cegos. Amenizando tantas dores, na trilha, Caetano Veloso surge como bálsamo, entoando Água.
Quem espera por muita redenção e imagens cândidas, que não se engane: aliás, um dos méritos é o da não espetacularização da violência, bastante seca e necessariamente desagradável. Uma inspirada cena em velório, junto com piadas cortantes, ajudam a manter o interesse. Deslocada (apesar do rigoroso trabalho dos atores) é a sequência que une Gero Camilo e Cláudio Jaborandi, em arremate à la Telecurso global. Adendo muito positivo vem do painel, pós-créditos, bastante generoso em emoção, além de íntegro, ao investir nos personagens da vida real.
O tratamento dado à violência é um dos acertos da produção
Codirigido por Paulo Eduardo, ele próprio um exemplo do marco zero possível, num futuro (à primeira vista) socialmente limitado, Na quebrada parte de enredos brotados na São Paulo de 2001. Zeca (o convincente Felipe Simas) se liberta do sentimento de vingança que embala um drama pessoal, por meio do cinema. Indicado para um curso, ele quer reverter a tradição da família: não quer "virar peão".
Enfrentando algumas das contradições entre pertencer a uma "família suave" (como define uma das personagens) e o perrengue de "ser pobre", outros personagens estão enfocados. Há da órfã Joana ao desamparado Gerson, que sempre viu o pai atrás das grades, passando por Mônica, dona de boa visão, em meio aos parentes cegos. Amenizando tantas dores, na trilha, Caetano Veloso surge como bálsamo, entoando Água.
Quem espera por muita redenção e imagens cândidas, que não se engane: aliás, um dos méritos é o da não espetacularização da violência, bastante seca e necessariamente desagradável. Uma inspirada cena em velório, junto com piadas cortantes, ajudam a manter o interesse. Deslocada (apesar do rigoroso trabalho dos atores) é a sequência que une Gero Camilo e Cláudio Jaborandi, em arremate à la Telecurso global. Adendo muito positivo vem do painel, pós-créditos, bastante generoso em emoção, além de íntegro, ao investir nos personagens da vida real.