Proprietários do Empório da Cachaça comemoram reconhecimento
Ariane Romão gerencia a loja e auxilia os clientes na hora de escolher uma entre as 500 cachaças diferentes do empório
Produto que faz sucesso entre os brasileiros desde a época da colonização, a cachaça — há algum tempo — saiu da informalidade. Terceiro destilado mais consumido (segundo a Wine and Spirits Trade Association), a bebida ganhou rótulos premium e versões sofisticadas. Ela pode custar até R$ 2 mil (um exemplo é a garrafa original da cachaça Havana, produzida pelo saudoso Anísio Santiago).
Desde o ano passado, a cachaça passou a ser uma exclusividade nacional, pois só a aguardente produzida a partir da cana brasileira pode ser chamada assim. Empresas de outros países são proibidas de utilizar o termo. Para André Romão, proprietário do Empório da Cachaça, esse reconhecimento incentiva a abertura de lojas especializadas e, com isso, eleva a qualidade da bebida.
O empresário não disfarça o entusiasmo quando o assunto é o destilado de cana. Após visitar 70 alambiques pelo país, André fundou, em 1996, o Empório da Cachaça, quase uma extensão de sua vida. “No começo, sofremos certa discriminação. As pessoas viam a cachaça com maus olhos”, revela. Hoje, na loja da Asa Norte, ele oferece 100 rótulos para degustação.
Ariane Romão gerencia a loja e auxilia os clientes na hora de escolher uma entre as 500 cachaças diferentes do empório (sete delas têm rótulos próprios). “Houve uma mudança de comportamento e personalidade do consumidor brasileiro. Há uma segurança em dizer: ‘Eu tomo cachaça’”, afirma Ariane. Para a gerente, os consumidores já não se apegam a valores. De preços acessíveis (Cana JK a R$ 14) ou mais elevados (Rainha do Norte de Minas a R$ 120), o que importa é a história por trás de cada rótulo.
O Brasil produz 1,4 bilhão de litros de cachaça anualmente e exporta apenas 1% desse volume. Segundo o especialista em cachaça Maurício Maia, isso evidencia um enorme mercado a ser explorado. “Só para ilustrar, o Reino Unido exporta cerca de 85% de toda a sua produção de uísque escocês e o México exporta cerca de 56% de toda sua tequila”, exemplifica. Justamente por isso, a fabricante de bebidas inglesa Diageo comprou a cearense Ypióca.
Nem tão branca assim
De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça, os estados que mais se destacam na elaboração da cachaça são: Paraíba, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e São Paulo.
Com ela, não tem tempo ruim
No Salomé Bar, há em torno de 100 cachaças e algumas recebem ingredientes que combinam com a “marvada”. Coco, uva, canela e mel são exemplos. Nesse caso, as bebidas custam entre R$ 29 e R$ 33. “Até dezembro, a casa vai receber sugestões de clientes para montar a sua carta”, afirma a proprietária Juliana Calderón. Hoje, o Salomé trabalha com 100 cachaças diferentes, mas com a ajuda dos apreciadores do destilado, pretende chegar a 350 rótulos.
Há quem diga que a versatilidade da bebida é seu maior trunfo: aquece no frio e refresca no calor. Maurício Maia adiciona: é possível bebê-la também com pedras de gelo. “Com cuidado para que ela não gele demais, nem fique aguada com o derretimento do gelo”, ensina.