Guilherme Winter como Moisés da novela Dez Mandamentos

Pessoalmente, não tenho interesse em temas voltados ao mundo gospel, portanto não me dei ao trabalho de assistir a Os dez mandamentos, a primeira novela da Record a bater a audiência da Globo em mais de 40 anos.

Em uma análise superficial, não me parece difícil imaginar os motivos que justificam a repercussão do folhetim, vide o crescimento da população evangélica pelo país.

Apesar dos recursos limitados, quando comparados com as produções da Globo, o canal de Edir Macedo vem sendo elogiado por conta da atração e, diante do burburinho, esticou os capítulos, que devem render até janeiro. Guilherme Winter, Sérgio Marone e elenco tiveram o contrato estendido e, certamente, celebraram.

A principal surpresa talvez se deva ao fato de a trama bíblica, cansativamente explorada pelo cinema e até pela tevê, ainda render interesse. Mas, em um país cada vez mais rachado entre liberais e conservadores, católicos e protestantes, virgens e iniciados, não espanta imaginar que a televisão também acabaria dividida. Como o Mar Vermelho de Moisés.

Para pôr em prática…

"Não preciso

de dez mandamentos para viver, me basta só um: não interferir na vida dos outros”

Carlos Drummond de Andrade, poeta

Atuações

Apesar da crise com o horário das 21h e com o formato atual das novelas, a Globo acertou ao investir no caráter dramatúrgico para as 23h. Com mais liberdade de criação e desprendida de pudores, a emissora não esbarra em policiamentos morais e traz tramas provocativas, a exemplo de Verdades secretas, que acaba de terminar.

Além do enredo, a atração também será lembrada por conta das excelentes atuações. Marieta Severo, Eva Wilma e Drica Moraes, como sempre, arrasaram. Mas tivemos algumas surpresas. A até então insossa Grazi Massafera, entre elas. Mandou bem.