Nova minissérie 'Justiça' acompanha padrão internacional
História coloca em debate discussão ética e a justiça pelas próprias mãos

De tirar o fôlego. Assim é Justiça, seriado em 20 capítulos que a Globo estreou semana passada. Se você é dos que só assistem a séries americanas porque as nossas são lentas e não têm roteiro, quebre o paradigma e dê uma chance à produção com texto de Manuela Dias e direção de José Luiz Villamarim e Walter Carvalho.
As quatro histórias apresentadas — uma a cada dia da semana — são interligadas com maestria por Manuela Dias, que já havia brilhado em Ligações perigosas. Cenas assistidas na estreia sob o ponto de vista de Elisa (Debora Bloch) são repetidas no episódio seguinte, mas na ótica de Fátima (Adriana Esteves — foto), por exemplo. Isso dá a tão criticada liga à minissérie da Globo.
Não dá para deixar de falar também da fotografia de Walter Carvalho. De tão presente, ela quase tem falas. E da trilha sonora, que, somente na primeira semana, teve de Roberto Carlos a Jeff Buckley (numa emocionante Hallelujah), passando por Chico Buarque e Zé Ramalho.
Tudo no programa vale a pena? Ok... nem tudo. Como a ação se passa em Recife, os atores se vêem obrigados a respeitar um sotaque nordestino. O problema é que não o fazem naturalmente. Boa atriz, Debora Bloch é uma das que mais sofreram com isso.
Os capítulos de Justiça tratam de temas pungentes e caros à sociedade. Racismo, eutanásia, traição, corrupção, estupro, drogas. Tudo explorado sem muitas tintas coloridas. Prepare-se para cenas fortes, bem ao modo Sense8.
Quer mais referências americanas? A discussão de ética pontua cada cena de Justiça, tal qual ocorre com How to get away with murder. Os personagens defendidos por Deborah Bloch, Adriana Esteves (finalmente livre dos tiques e da histeria de Carminha), Cauã Reymond (cada vez mais maduro) e Jéssica Ellen querem fazer justiça pelas próprias mãos. E a qualquer custo. Estão certos? Justiça, mais do que entretem, nos leva a pensar.