Malu Mulher levou a emancipação feminina para as telas
No fim da década de 1970, a série inovou ao retratar temas considerados polêmicos
Publicação:05/03/2017 06:00Atualização: 03/03/2017 18:15
Malu Mulher abordou, no fim da década de 1970, temas que até hoje são vistos como tabu
Em plena ditadura militar, com o país sob o comando de João Figueiredo, entrava na programação televisiva uma série que quebraria tabus. Em uma sociedade acostumada à submissão feminina, a aparição de uma mulher como a socióloga Maria Lúcia Fonseca (Malu), em rede nacional, veio para mudar todo um modo de pensar dos brasileiros e, de bônus, marcar a história.
Com direção de Daniel Filho e 76 episódios exibidos, a série Malu Mulher foi protagonizada por Regina Duarte, em um papel que marcou a carreira dela. No elenco de peso acompanhando a renomada atriz, que completou 70 anos em fevereiro, estavam Dennis Carvalho (Pedro Henrique), Narjara Turetta (Elisa), Antônio Petrin (Gabriel) e Sônia Guedes (Elza).
Malu Mulher também contou com a participação de diversos atores tarimbados, como Natália do Valle, Susana Vieira, Marília Pêra, Christiane Torloni, Yoná Magalhães, ngela Leal, Eva Wilma, Cláudia Jimenez, José Mayer, Fábio Júnior, Ney Latorraca e muitos outros.
A trama acompanha o cotidiano de Malu, divorciada e com uma filha de 12 anos, em uma tentativa de retratar a realidade da mulher brasileira no fim da década de 1970 — o primeiro episódio foi exibido em maio de 1979. A socióloga é uma mulher de atitude e questionadora, algo relativamente incomum para o período em que a série foi exibida pela primeira vez.
Novos rumos
Naquela época, o divórcio se tornava um ato cada vez mais comum, e o conservadorismo que afirmava que as esposas deveriam permanecer com os maridos até a morte passava a ser enfrentado pela emancipação feminina. Então, as mulheres tinham que enfrentar o preconceito e lidar com as dificuldades de uma realidade com mais independência, como dividir o tempo entre a carreira e a criação dos filhos.
E esse não foi o único tema incomum para a época em que foi abordado por Malu Mulher. A série também retratou assuntos, como legalização do aborto, violência contra a mulher, pílula do dia seguinte e gravidez na adolescência, mostrando às mulheres que uma nova realidade era possível, sim, de ser alcançada.
SAIBA MAIS
Só divas
A trilha sonora de Malu Mulher foi composta apenas por vozes femininas. O grande destaque foi a música de abertura, Começar de novo, interpretada por Simone e feita exclusivamente para a série. Por trás da interpretação das outras canções, estavam Elis Regina, Gal Costa, Fafá de Belém, Maysa, Rita Lee, Maria Bethânia,
Marina Lima e Joanna.
Cinquentinha
Malu Mulher foi transmitida em vários países, tendo sido vendida para aproximadamente 50 emissoras televisivas.
Sugestão
O título do seriado foi escolhido por Regina Duarte, em homenagem ao primeiro papel da atriz na televisão, a Malu da novela A deusa vencida.