Você se lembra? Malu mulher apresentou ao país a nova identidade feminina
A mulher idealizada era emancipada e sem medo de abordar temas como divórcio e aborto
Vinicius Nader
Publicação:22/03/2015 06:10
Fim da década de 1970. A protagonista de Malu Mulher não queria muito da vida. Apenas começar de novo, contando somente com ela mesma e perceber que terá valido a pena amanhecer novamente.
O texto era claramente um recado à sociedade: vinha uma nova mulher por aí, mais independente dos homens e capaz de lutar por suas vontades. No seriado escrito por Manoel Carlos e Euclydes Marinho (o mesmo de Felizes para sempre?), a socióloga Malu estava recém-separada de Pedro Henrique (Dennis Carvalho) e tinha que enfrentar preconceito de ser divorciada.
Mãe de Elisa (Narjara Turetta), ela ainda tinha que dar conta de criar e atender aos anseios da adolescente. Com o Brasil vivendo ainda sob um regime militar, Malu mulher teve que ser submetido à censura federal. A atriz Regina Duarte deu depoimento em vídeo sobre as cenas que havia gravado e sobre o que ela achava da emancipação feminina.
Mesmo assim, um dos capítulos chegou a ser vetado. Em Rainha da boca do lixo, a socióloga Malu se disfarçava como prostituta para uma pesquisa no campus da USP. A polêmica se deu porque os jornais da época noticiavam o caso de um delegado acusado de espancar prostitutas. A censura ligou um caso ao outro e o texto teve que ser modificado.
Saiba mais
Ajuda de luxo
A ex-primeira-dama Ruth Cardoso participou das primeiras reuniões da equipe do programa. Socióloga como Malu, ela era um espécie de consultora da equipe para temas mais desconhecidos.
Em disco
A trilha sonora era quase uma personagem da trama, de tão presente. O sucesso originou um especial e um disco com cantoras como Elis Regina, Simone e Maria Bethânia entoando pérolas da MPB.
Companheiros
Malu mulher foi lançado no projeto Séries brasileiras, que incluía também Carga pesada e Plantão de polícia. Assim como Malu, os outros dois foram submetidos à censura e liberados.
Da telona
O diretor Daniel Filho, também idealizador do projeto, se inspirou numa comédia para criar o seriado: o filme Uma mulher descasada, de Paul Mazursky.

A socióloga Malu marcou a carreira de Regina Duarte
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Embalada por Ivan Lins e outros grandes nomes da MPB e vivida por Regina Duarte, com direção geral de Daniel Filho, a personagem era destemida e, durante os anos 1979 e 1980, lançou mão de temas caros àquela época como emancipação feminina, virgindade, drogas, aborto, divórcio e outros tabus. O texto era claramente um recado à sociedade: vinha uma nova mulher por aí, mais independente dos homens e capaz de lutar por suas vontades. No seriado escrito por Manoel Carlos e Euclydes Marinho (o mesmo de Felizes para sempre?), a socióloga Malu estava recém-separada de Pedro Henrique (Dennis Carvalho) e tinha que enfrentar preconceito de ser divorciada.
Mãe de Elisa (Narjara Turetta), ela ainda tinha que dar conta de criar e atender aos anseios da adolescente. Com o Brasil vivendo ainda sob um regime militar, Malu mulher teve que ser submetido à censura federal. A atriz Regina Duarte deu depoimento em vídeo sobre as cenas que havia gravado e sobre o que ela achava da emancipação feminina.
Mesmo assim, um dos capítulos chegou a ser vetado. Em Rainha da boca do lixo, a socióloga Malu se disfarçava como prostituta para uma pesquisa no campus da USP. A polêmica se deu porque os jornais da época noticiavam o caso de um delegado acusado de espancar prostitutas. A censura ligou um caso ao outro e o texto teve que ser modificado.
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Ajuda de luxo
A ex-primeira-dama Ruth Cardoso participou das primeiras reuniões da equipe do programa. Socióloga como Malu, ela era um espécie de consultora da equipe para temas mais desconhecidos.
Em disco
A trilha sonora era quase uma personagem da trama, de tão presente. O sucesso originou um especial e um disco com cantoras como Elis Regina, Simone e Maria Bethânia entoando pérolas da MPB.
Companheiros
Malu mulher foi lançado no projeto Séries brasileiras, que incluía também Carga pesada e Plantão de polícia. Assim como Malu, os outros dois foram submetidos à censura e liberados.
Da telona
O diretor Daniel Filho, também idealizador do projeto, se inspirou numa comédia para criar o seriado: o filme Uma mulher descasada, de Paul Mazursky.