Brasília-DF,
12/DEZ/2024

José Carlos Vieira e Carla Andrade, poetas radicados em Brasília, lançam novos trabalhos

Os autores lançam, nesta terça-feira, as obras "Poemas de paixões e coisas parecidas" e "Artesanato de perguntas"

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Diego Ponce de Leon Publicação:22/10/2013 06:01Atualização:21/10/2013 16:38

'Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura', define o poeta e jornalista TT Catalão (Iano Andrade/CB/D.A Press)
"Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura", define o poeta e jornalista TT Catalão
As almas mais amargas que passeiam pela capital federal costumam dizer que a cidade não tem esquinas, vida noturna ou bons exemplos da “irmandade da uva”, por assim dizer. Aparentemente, padecemos sob a ausência de rastros da Lapa carioca ou do Bexiga paulistano. Outros atestam o oposto. Um fato, porém, não pode ser negado: Brasília exala boemia.

O jornalista, colunista das comédias da vida pública e privada, paraibano de nascença, brasiliense por excelência e botafoguense fanático, José Carlos Vieira (entre outros ofícios peculiares), sabe bem disso. A dedicação ao mundo da literatura o tornou um poeta boêmio. E, em torno de uma mesa de bar, ele reúne os amigos e leitores para lançar, nesta terça-feira (22/10) à noite, Poemas de paixões e coisas parecidas. O novo trabalho aparece seis anos após o anterior A alma e o e-mail, de 2007 (Travessa dos Editores, Curitiba).

“Meus versos são libertários. Não consigo colocar o terno e a gravata em minhas palavras”, definiu o jornalista, que acumula 23 anos dedicados ao Correio. Desde 2009, José Carlos lidera a equipe do Diversão & Arte, além de manter uma coluna semanal com goles de humor. A poesia, segundo ele, aparece com um exercício libertário, muito além do jornalismo.

Com ilustrações dos artistas Carmen San Thiago e Kleber Sales — além de uma inspirada apresentação de TT Catalão —, Poemas de paixões e coisas parecidas convida o leitor para uma conversa franca e comovente, orquestrada por uma alma ora roqueira, ora lírica, sempre em busca de um resultado “simples, curto e transcendente”, como atesta TT Catalão. Uma chance de nos sentarmos à mesa na companhia de Leminski, Chacal, Quintana e Bukowski. E nos embriagarmos da poesia de José Carlos Vieira. Ébria no sentimento e tão sóbria na intenção.

Contemporânea


Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural
Quando a mineira Carla Andrade chegou a Brasília, há 13 anos, foi consumida por uma solidão e um medo constante. A primeira impressão não foi positiva. Como veio por motivos profissionais, insistiu e permaneceu. Atualmente, celebra a escolha. “O que me assustava antes, hoje, me inspira”, disse a poetisa e servidora pública, que lança Artesanato de perguntas, às 19h, no Sebinho Cultural. Antes, em 2007, estreou na literatura com Conjugação de pingos de chuva.

O novo trabalho, assim como o anterior, traz poesias selecionadas. “São versos imagéticos, surrealistas. Sem preocupação com lastros de realidade”, sintetizou Carla, que aborda temas filosóficos — como a decepção, a solidão e a contemporaneidade — nos poemas.


A escritora aconselha os leitores a experimentar os textos mais de uma vez. “ As pessoas sofrem de uma ansiedade por compreensão. Precisam se deixar levar também pelo sentimento. Meus poemas são visuais”, disse.

A escolha pela poesia, segundo Carla, responde por uma necessidade de “extrapolar a realidade”. “A prosa parece estar sempre atrelada ao real. De real, já basta o trabalho, as relações pessoais”, comentou. Entre os autores prediletos, a autora cita o mato-grossense Manoel de Barros e o poeta francês Arthur Rimbaud, “tão sensível na construção de imagens, por meio do texto”.

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