Exposição de André Liohn mostra ameaça aos profissionais da saúde durante conflitos
O repórter inaugura nesta quarta-feira (10/9), no Museu Nacional da República, a exposição "Assistência à saúde em perigo: Líbia e Somália"
Nahima Maciel
Publicação:10/09/2014 08:26
O fotojornalista brasileiro divide em três os grupos de pessoas que costumam estar em meio à guerra, mas não se apartam em lados opostos. Jornalistas, médicos e voluntários de ajuda humanitária costumam ficar no centro dos conflitos sem tomar partido e, por isso mesmo, muitas vezes se tornam vítimas. É para chamar a atenção para esta particularidade da guerra que o repórter inaugura nesta quarta-feira (10/9), no Museu Nacional da República, a exposição Assistência à saúde em perigo: Líbia e Somália no olhar de André Liohn.
Entre 2006 e 2011, o fotógrafo acompanhou os conflitos civis nos dois países e, sempre que era possível ou necessário, fotografava os hospitais, instituições raramente poupadas durante os enfrentamentos. “Os grupos rivais veem com olhar muito ruim essas pessoas. Se um médico está curando um inimigo, eles o veem como um inimigo”, diz Liohn.
Mogadício foi a parte mais complicada dessa cobertura. Com uma estrutura institucional e estadual completamente destruída, a Somália caiu nas mãos do grupo de radicais islâmicos al-shabab, que tomou conta de várias regiões do país, incluindo a capital, Mogadício. Os jornalistas são visados e, frequentemente, sequestrados. Para ficar protegido, Liohn precisava se esconder em um quarto e sair para fotografar cerca de 10 minutos por dia. Também não devia permanecer em Mogadício por mais de quatro ou cinco dias.
Durante o tempo que passou na cidade, o fotógrafo ficou abrigado no Hospital Medina, dirigido e mantido por Mohamad Yussuf, um médico somali aposentado que vivia na Europa e deixou o continente para retornar ao país natal. “O doutor Yussuf não faz perguntas e o hospital recebe todo mundo de todos os lados”, conta Liohn. “Para fotografar, você tem que tomar várias precauções porque está ocupando espaço e pode colocar em risco a vida das pessoas. Se eu me expusesse, colocaria em risco a vida deles porque os radicais não teriam nenhum problema para entrar no hospital e me sequestrar”, conta. Foram várias viagens à Somália e a primeira aconteceu em 2006.
Roteiros da exposição
Assistência À Saúde Em Perigo: Líbia E Somália no Olhar De André Liohn
» Fotografias de André Liohn. Visitação até 12 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Visita guiada com o fotógrafo hoje, às 17h30.
Desafios da cobertura jornalística em situações de conflito armado e emergências
» Palestra com André Liohn e Adriana Carranca, repórter especial do jornal O Estado de São Paulo. Mediação: Sílvio Queiroz, editor assistente de Mundo no jornal Correio Braziliense. Amanhã, às 19h, no Auditório do Museu Nacional da República.
Consequências humanitárias da falta de respeito e proteção aos serviços de saúde
Palestra com Rilito Povea, coordenador adjunto da campanha internacional Assistência à Saúde em Perigo. 25 de setembro, quinta-feira, às 18h, no Auditório do Museu Nacional da República.
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Voluntários de Medina limpam uma área para a construção de nova ala para doentes crônicos
O fotojornalista brasileiro divide em três os grupos de pessoas que costumam estar em meio à guerra, mas não se apartam em lados opostos. Jornalistas, médicos e voluntários de ajuda humanitária costumam ficar no centro dos conflitos sem tomar partido e, por isso mesmo, muitas vezes se tornam vítimas. É para chamar a atenção para esta particularidade da guerra que o repórter inaugura nesta quarta-feira (10/9), no Museu Nacional da República, a exposição Assistência à saúde em perigo: Líbia e Somália no olhar de André Liohn.
Entre 2006 e 2011, o fotógrafo acompanhou os conflitos civis nos dois países e, sempre que era possível ou necessário, fotografava os hospitais, instituições raramente poupadas durante os enfrentamentos. “Os grupos rivais veem com olhar muito ruim essas pessoas. Se um médico está curando um inimigo, eles o veem como um inimigo”, diz Liohn.
Mogadício foi a parte mais complicada dessa cobertura. Com uma estrutura institucional e estadual completamente destruída, a Somália caiu nas mãos do grupo de radicais islâmicos al-shabab, que tomou conta de várias regiões do país, incluindo a capital, Mogadício. Os jornalistas são visados e, frequentemente, sequestrados. Para ficar protegido, Liohn precisava se esconder em um quarto e sair para fotografar cerca de 10 minutos por dia. Também não devia permanecer em Mogadício por mais de quatro ou cinco dias.
Durante o tempo que passou na cidade, o fotógrafo ficou abrigado no Hospital Medina, dirigido e mantido por Mohamad Yussuf, um médico somali aposentado que vivia na Europa e deixou o continente para retornar ao país natal. “O doutor Yussuf não faz perguntas e o hospital recebe todo mundo de todos os lados”, conta Liohn. “Para fotografar, você tem que tomar várias precauções porque está ocupando espaço e pode colocar em risco a vida das pessoas. Se eu me expusesse, colocaria em risco a vida deles porque os radicais não teriam nenhum problema para entrar no hospital e me sequestrar”, conta. Foram várias viagens à Somália e a primeira aconteceu em 2006.
Roteiros da exposição
Assistência À Saúde Em Perigo: Líbia E Somália no Olhar De André Liohn
» Fotografias de André Liohn. Visitação até 12 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Visita guiada com o fotógrafo hoje, às 17h30.
Desafios da cobertura jornalística em situações de conflito armado e emergências
» Palestra com André Liohn e Adriana Carranca, repórter especial do jornal O Estado de São Paulo. Mediação: Sílvio Queiroz, editor assistente de Mundo no jornal Correio Braziliense. Amanhã, às 19h, no Auditório do Museu Nacional da República.
Consequências humanitárias da falta de respeito e proteção aos serviços de saúde
Palestra com Rilito Povea, coordenador adjunto da campanha internacional Assistência à Saúde em Perigo. 25 de setembro, quinta-feira, às 18h, no Auditório do Museu Nacional da República.
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