Espetáculo fala sobre a ditadura com perspectiva psicodélica
Em cartaz no CCBB, Contra o vento (Um musicaos) remonta o movimento tropicalista
Vinicius Nader
Publicação:14/08/2015 06:10Atualização: 16/08/2015 20:50
Os anos de chumbo da política brasileira e um dos momentos de ouro da música nacional estão juntos no espetáculo Contra o vento (um musicaos), em cartaz no CCBB até o dia 30 deste mês. A luta contra a ditadura vem embalada pela atmosfera psicodélica e próliberalista da tropicália.
O texto de Daniela Pereira de Carvalho remonta o diário de Clarice, personagem fictícia que morava no antigo Solar da Fossa, palco real de vários encontros entre tropicalistas. A ação desordenada (as páginas do livro não estão em ordem) se passa entre 13 de julho de 1967 e 13 de julho de 1969 e é permeada por canções originais, a maioria composta por Felipe Vidal (também diretor do musical) e Luciano Moreira, executadas e cantadas ao vivo pelos atores/cantores. Entre eles se destacam André Araújo (o Caos) e Jefferson Almeida (o travesti Romina), igualmente competentes quando cantam e quando atuam.
Com a ajuda da plateia, a sequência dos blocos Panis et circensis, Três da madrugada e Sinal fechado é definida. Uma ação interessante em peça que versa sobre a urgência da democracia, entre outros temas espinhosos. No primeiro, entra em cena o liberalismo sexual e de pensamento; no segundo — o mais lírico da tríade — quem manda é a luta contra a ditadura; e no terceiro, a importância dos saraus e encontros põe em voga a cultura como arma política.
Uma pena que o espetáculo seja longo demais — são mais de duas horas de encenação. O texto às vezes não segura tanto tempo e se torna um pouco cansativo e enfadonho. Um trabalho de edição cairia bem. Ícones da época, como Glauber Rocha, Caetano Veloso e Augusto Boal, são constantemente citados como amigos integrados à rotina do Solar e marcos históricos, como os festivais da canção e a Passeata dos 100 mil, são revividos. Mas os personagens são fictícios. Trazem a realidade para o palco e levam o palco à realidade. Essa é a magia do teatro.
Contra o vento (Um musicaos)
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES tr 2; 31087600). Até 30 de agosto, quinta e sexta, às 20h; sábado e domingo, às 18h. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.

Os anos de chumbo da política brasileira e um dos momentos de ouro da música nacional estão juntos no espetáculo Contra o vento (um musicaos), em cartaz no CCBB até o dia 30 deste mês. A luta contra a ditadura vem embalada pela atmosfera psicodélica e próliberalista da tropicália.
O texto de Daniela Pereira de Carvalho remonta o diário de Clarice, personagem fictícia que morava no antigo Solar da Fossa, palco real de vários encontros entre tropicalistas. A ação desordenada (as páginas do livro não estão em ordem) se passa entre 13 de julho de 1967 e 13 de julho de 1969 e é permeada por canções originais, a maioria composta por Felipe Vidal (também diretor do musical) e Luciano Moreira, executadas e cantadas ao vivo pelos atores/cantores. Entre eles se destacam André Araújo (o Caos) e Jefferson Almeida (o travesti Romina), igualmente competentes quando cantam e quando atuam.
Com a ajuda da plateia, a sequência dos blocos Panis et circensis, Três da madrugada e Sinal fechado é definida. Uma ação interessante em peça que versa sobre a urgência da democracia, entre outros temas espinhosos. No primeiro, entra em cena o liberalismo sexual e de pensamento; no segundo — o mais lírico da tríade — quem manda é a luta contra a ditadura; e no terceiro, a importância dos saraus e encontros põe em voga a cultura como arma política.
Uma pena que o espetáculo seja longo demais — são mais de duas horas de encenação. O texto às vezes não segura tanto tempo e se torna um pouco cansativo e enfadonho. Um trabalho de edição cairia bem. Ícones da época, como Glauber Rocha, Caetano Veloso e Augusto Boal, são constantemente citados como amigos integrados à rotina do Solar e marcos históricos, como os festivais da canção e a Passeata dos 100 mil, são revividos. Mas os personagens são fictícios. Trazem a realidade para o palco e levam o palco à realidade. Essa é a magia do teatro.
Contra o vento (Um musicaos)
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES tr 2; 31087600). Até 30 de agosto, quinta e sexta, às 20h; sábado e domingo, às 18h. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.