Texto de Os gigantes da montanha foi ditado por Pirandello para o filho no leito de morte

Uma companhia teatral decadente chega a uma vila mágica, isolada do mundo e povoada por fantasmas. A condessa Ilse, uma das atrizes principais, está obcecada pela montagem de uma peça. O mago Cotrone, que governa o lugar, começa a construir os fantasmas dos personagens que faltam para completar o elenco.

A condessa, no entanto, exige que o espetáculo seja apreciado por um grande público. A solução será convidar “os gigantes da montanha”, povo vizinho que não valoriza a poesia e a arte. O Grupo Galpão retoma, no espetáculo Os gigantes da montanha, a longa e bem-sucedida parceria com o diretor Gabriel Villela. Escrita pelo italiano Luigi Pirandello, a peça é uma alegoria sobre o valor do teatro e da arte.

Quando morreu, em 1936, Pirandello ainda não havia concluído o texto, que foi ditado por ele, em seu leito de morte, ao filho.
“Possivelmente, o melhor procedimento diante da peça seja não querer entender, mas  deixar-se levar pelas sensações e a imaginação”, explica Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão e também o ator que dá vida ao mago Cotrone. “Isso porque a peça é uma exaltação à possibilidade de abrir outras formas de percepção da realidade”, completa.

Composta por várias canções populares italianas, a trilha sonora é um espetáculo à parte. “A chave principal para chegar a uma linguagem popular foi a utilização da música”, explica Moreira. Para ele, interpretar um texto erudito com uma linguagem que chegue ao público atual é um desafio difícil, mas muito estimulante: “A fábula de Pirandello é uma exaltação ao poder da arte e da poesia em um mundo cada vez mais ofuscado pelo pragmatismo e o economicismo”.

SERVIÇO

Os gigantes da montanha
Texto de Luigi Pirandello e direção de Gabriel Villela, com o Grupo Galpão. Teatro da Caixa (SBS Q. 4, lts. 3/4). Hoje e amanhã, às 20h; domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 (inteira). Não recomendado para menores de 12 anos. Informações: 3206-6456.