Cão sem plumas é o primeiro espetáculo de temática explicitamente brasileira da renomada Companhia de Dança Deborah Colker. A obra é inspirada em um poema homônimo de João Cabral de Mello Neto, cujos versos são dedicados ao percurso do rio Capibaribe, que corta boa parte de Pernambuco. Na história, a pobreza da população ribeirinha é retratada ao lado do descaso das elites. A vida no mangue aparece com toda sua força e peculiaridades estéticas.

 

Ao fundo do palco, são projetadas, durante o movimento dos bailarinos, cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis. As imagens dialogam com a criação coreográfica em cena e foram registradas durante uma viagem de 24 dias que percorreu os limites do sertão e do agreste até Recife. Os dançarinos se apresentam cobertos de lama e seus passos evocam os caranguejos, como uma momentânea recriação do mangue.

 

Colker foi diretora de movimento na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro e, em 2009, criou um espetáculo para o Cirque de Soleil: Ovo. Em Cão sem plumas, a artista se inspirou em ritmos brasileiros diversos, como o samba, o jogo, o maracatu e outras danças populares. A trilha sonora é original e reúne dois pernambucanos: Jorge Du Peixe, da banda Nação Zumbi, e Lirinha, um dos expoentes do movimento mangue beat.

 

Cão sem plumas

Espetáculo da companhia Deborah Colker. Sábado (12/8), às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Os ingressos custam de R$ 70 a R$ 170 e a classificação indicativa é livre.