Exposição revela abstração lírica de Antonio Bandeira
Retrospectiva resume em 110 obras quase 20 anos da eclética produção do artista plástico
Nahima Maciel
Publicação:17/08/2018 06:00Atualização: 16/08/2018 18:43
Antonio Bandeira se inspirou nas paisagens do pós-guerra
Em cartaz no Museu Nacional da República, Do crepúsculo ao noturno reúne 110 obras de todas fases do pintor Antonio Bandeira em uma retrospectiva que cobre a produção dos anos 1940 ao final dos anos 1960.
Bandeira é um dos expoentes da abstração lírica brasileira. Começou a trabalhar com o tachismo em Paris, para onde se mudou nos anos 1940. A partir dessa experiência, desenvolveu um tipo de abstração que ainda era novidade no Brasil.
“Essa abstração era muito mal difundida por aqui e o Bandeira chamou a atenção com esses trabalhos”, explica Carlos Feldman, responsável pela curadoria da mostra ao lado de Francisco Bandeira, sobrinho do artista.
A exposição traz também obras da fase crepuscular, na qual o artista retratou crepúsculos do dia e da noite. “Ele nunca concordou que a obra dele era abstrata, mesmo porque ele dava nome. Pintava sempre pensando em algo, por isso era um abstrato lírico”, diz o curador.
O tachismo que influenciou Bandeira foi um movimento de decomposição do sólido e da imagem, um estilo adotado por muitos pintores após a Segunda Guerra. Anos de destruição perpetuados pelos conflitos tiveram impacto na arte: a imagem e a tinta que escorrem e se decompõem sobre a tela se tornaram expressões dos destroços que marcaram a paisagem europeia do pós-guerra.
Além das pinturas e desenhos, a exposição traz objetos pessoais, como uma coleção de esculturas, e os originais de Árvores da infância, autobiografia que o artista nunca chegou a publicar.
Serviço
Do crepúsculo ao noturno
Exposição de obras de Antonio Bandeira. Visitação até 30 de setembro de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República.