Teatro para a vida: projeto leva teatro para membros da 3ª idade
O Viva a Vida funciona no Espaço Renato Russo
Robson G. Rodrigues*
Publicação:02/11/2018 06:00Atualização: 05/11/2018 16:47
Nora Alhadef, ao centro, é uma das que se emocionam ao participar do projeto Viva a Vida
O projeto Viva a Vida promove aulas de teatro a idosos desde 2000. Tullio Guimarães é o mentor do grupo que se reúne no Espaço Renato Russo. Para participar, os alunos devem ter no mínimo 55 anos. Além de desenvolver habilidades cênicas e a criatividade dos alunos, Tullio vê as aulas como atividade terapêutica.
“Eles ganham autoestima, têm a memória estimulada, já que precisam decorar texto, além dos benefícios da socialização”, diz o professor. Ele conta que a aposentadoria associada ao não raro abandono familiar faz com que muitos idosos não tenham oportunidade de interação.
Lá, “eles saem do isolamento e encontram pessoas com uma realidade parecida. Trocam experiências com outras pessoas da mesma faixa etária”.
Para Tullio, Nora Alhadef é um dos casos de superação que passaram pelo projeto. Ela nasceu em Uberaba (MG) e veio para Brasília quando “havia só mato”. Estava aposentada quando soube das aulas de teatro por meio de uma tia. Aos 63 anos, a pioneira sofre de distrofia muscular.
“Nesse grupo, se você está doente, melhora”, defende Nora, segurando firme a bengala. “Foi difícil no início, mas eu continuo porque isso é muito bom”, relata sobre as aulas.
O grupo formado majoritariamente por mulheres se reúne às terças e quintas para praticar os textos de temas “pertinentes aos idosos”. Em círculo, começam a ler as falas. Enquanto atua, Tullio orienta corrigindo entonação e pronúncia. Não é frequente. Em geral, os alunos sabem a hora de entrar e têm boa leitura.
A turma se diverte e se emociona com os textos, como Terezinha Alves. A potiguar de 79 anos é uma das veteranas da turma. Faz aulas de teatro no Viva a Vida há 17 anos. Em um dos ensaios, se emocionou ao se deparar com o nome do projeto no texto que lia. Ela se desfez em lágrimas enquanto recebia os abraços de colegas. “Eu era funcionária pública e, quando me aposentei, tive medo de ficar parada. Descobri o teatro e deu tudo certo”, comemora.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader