Entre dança e fotografia, espetáculo Singspiele marca últimos dias do MID
Sob direção da coreógrafa Maguy Marin, David Mambouch dança no limite entre as duas linguagens, na programação de encerramento do festival Movimento Internacional de Dança
Nahima Maciel
Publicação:03/05/2019 06:06
Singspiele tem a assinatura da renomada coreógrafa Maguy Marin
Fotografias de rostos de pessoas escolhidas aleatoriamente motivaram a coreógrafa Maguy Marin e criar Singspiele, em cartaz sábado e domingo (4 e 5/5) na programação que encerra o Movimento Internacional de Dança (MID).
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No palco, o dançarino David Mambouch escolhe rostos em fotografias em preto e branco e troca de roupa em um ritmo preciso e elegante. Cada ação é também uma pergunta sobre os papéis e convenções sociais.
Criado como se fosse uma espécie de reflexão sobre a condição humana, Singspiele se equilibra na fronteira de linguagens típica do trabalho de Maguy Marin, coreógrafa francesa que se tornou referência da dança contemporânea e trabalhou com Maurice Béjart. Em entrevista, ela conta que Singspiele começou com um belo livro de retratos.
Ao folheá-lo, Maguy começou a pensar sobre a velocidade do mundo e a impaciência que nos impede de olhar para os rostos alheios com empatia. Lembrou-se então do trabalho do filósofo Emmanuel Levinas, que fala sobre a totalidade e o infinito contidos em um rosto.
"Raramente enxergamos os rostos das pessoas. Nós os percebemos, mas não enxergamos. Eu e David ficamos muito tempo olhando para esses rostos e eles nos disseram coisas”, avisa Maguy. O espetáculo recupera essas questões e leva o espectador a refletir sobre questões como o tempo e o altruísmo.
Serviço
Singspiele
Coreógrafa: Maguy Marin. Com David Mambouch e Benjamin Lebreton. Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil. Sábado e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.