Pedro Gandra expõe imagens nascidas de livros e observações próprias
Aos 24 anos, o artista mostra arte derivada das suas observações sobre o mundo que faz em seu bloco de notas
Roberta Pinheiro - dired
Publicação:26/07/2019 06:00
A exposição 'Caminho para lua' fica em cartaz até 31 de agosto
"Minha influência maior não é visual e sim, literária", afirma o artista Pedro Gandra. Aos 24 anos, ele compila em um bloco de notas suas observações sobre o mundo, das composições de paisagens que imagina, com cores e personagens, a páginas de livros que lhe inspiram. Sua pintura nasce da palavra e tem no título a primeira pincelada. "Os títulos das telas, muitas vezes, são extraídos desses escritos. Em quase 80% dos casos, eles surgem antes dos trabalhos. A palavra tem uma força que dá o tom", explica.
No sábado (27), ele abre a exposição Caminho para lua, a primeira individual do artista, na Referência Galeria de Arte, na Asa Norte. Sob o olhar curatorial de Marília Panitz, Gandra apresenta um recorte recente da produção. Tinta, gesto e tensão narrativa se encontram de maneira randômica e nada linear nas telas expostas. As paisagens-cenário permanecem uma constante. Contudo, desta vez, surgem com um olhar noturno, o que permite a presença de criaturas e do mistério.
Devorador ávido de livros de ficção, o artista transparece as influências fotográficas de Chichico Alkmin, do cinema e da literatura. "Não faço esboço. Os personagens vão surgindo muito naturalmente a partir da lida do trabalho, do imaginário que vou cultivando, que fabulo, com referências de Esopo e La Fontaine", explica o jovem.
Além da primeira individual, este tem sido um ano significativo na carreira de Gandra. Pela primeira vez, ele figurou entre um dos indicados ao Prêmio Pipa, uma das principais premiações da arte contemporânea nacional. "Nunca vejo um trabalho de arte linearmente. O trabalho está caminhando para frente, caminha para o lado, para a esquerda, a direita, o processo é quase como circular", comenta. Mesmo tendo experimentado outras linguagens, projeta na pintura seus anseios criativos. "Nunca me frustrei com os limites que a pintura me dá. Ela tem uma enorme capacidade elástica de vocabulário", acrescenta.
Na ocasião, a Referência Galeria também abre a exposição Imagens de um rio que não me pertencia, do fotógrafo Márcio Borsoi. As imagens resultam de uma pesquisa visual nas lendas e no dia a dia das populações ribeirinhas de Manaus.
Serviço
Caminho para Lua
Abertura no sábado (27), das 17h às 21h. Visitação até 31 de agosto, de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h, na Sala Principal da Referência Galeria de Arte (202 Norte, Bloco B, Loja 11 –Subsolo)
Imagens de um rio que não me pertencia
Abertura no sábado (27), das 17h às 21h. Visitação até 31 de agosto, de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h, na Sala Acervo da Referência Galeria de Arte (202 Norte, Bloco B, Loja 11 –Subsolo)