'Em três tempos, viagem, memória e água' explora raízes e formação do Brasil
Exposição mostra consequências de uma exploração pessoal da carioca Aline Motta
Roberta Pinheiro
Publicação:23/08/2019 06:05Atualização: 22/08/2019 18:07
Ao explorar suas raízes, a artista constrói um entendimento maior da formação das famílias brasileiras
À procura de seus antepassados, a artista carioca Aline Motta percorreu uma jornada inversa, do Brasil para a África do Sul, alinhavando fotografias, documentos e relatos que a levaram a construir um entendimento maior da formação das famílias brasileiras. Na exposição Em três tempos, viagem, memória e água, ela confere outros significados às memórias e elabora outras formas de existência — dela e do brasileiro.
Com base nessa exploração pessoal por suas raízes, Aline convida o público, a partir de fotografia e vídeos, a discutir questões como o racismo, as formas usuais de representação e as noções de pertencimento, identidade e miscigenação. Os trabalhos, que transitam por diferentes campos artísticos e áreas do conhecimento, ocupam o espaço de modo a potencializar as questões contidas nele. Nessa jornada, a artista percorreu áreas rurais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Portugal e Serra Leoa. Exibidas de forma dinâmica e sequencial, as obras criam um caminho análogo à experiência da memória, mas, sobretudo, com interconexão entre o passado, o presente e o futuro.
Três perguntas//Aline Motta
Seria possível dizer qual história, memória ou achado mais te marcou? Por quê?
O que mais me marcou foi perceber que ninguém ficou mais branco no Brasil por amor. Foram implantadas políticas públicas de embranquecimento da população com caráter evidentemente eugenista, que atingiram nossas famílias no pós-abolição de forma perversa e sistemática.
Qual a relevância de se expor essas questões do passado no presente?
A importância é poder se dar conta com fatos concretos de que medidas reparatórias e políticas públicas especificamente destinadas para a população negra são urgentes e não simplesmente "pautas identitárias".
A artista que iniciou essa jornada é a mesma de hoje? Por quê?
Certamente que não. Honrar a vida dos que vieram antes de mim se tornou não só uma questão no meu trabalho, mas também um lugar de fortalecimento, tanto físico quanto espiritual.
Serviço
Em três tempos, viagem, memória e água
Até 5 de outubro, segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e sábado, das 14h às 18h, no Centro Cultural TCU (St. de Clubes Esportivos Sul Trecho 3)