Brasília-DF,
24/ABR/2024

Romance Volume III traz os dilemas da vida a dois após o casamento

O espetáculo conta com a atuação da atriz Marisa Orth - que deixa à mostra a veia cômica que lhe acompanha desde o início da carreira

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Rebeca Oliveira Publicação:22/05/2015 07:29

Espetáculo de Marisa Orth mescla linguagens musical e de stand up comedy (Priscila Prade/Divulgação)
Espetáculo de Marisa Orth mescla linguagens musical e de stand up comedy

12 de junho de 2008. A data poderia ser um Dia dos Namorados qualquer para a atriz Marisa Orth. No entanto, as mais diversas experiências pessoais da atriz fizeram-na viver um momento de devaneio, que culminou na decisão: iria montar uma peça sobre o amor.

Assim nasceu Romance Volume II, que já começou com o segundo volume com a premissa de que o primeiro havia dado errado.

Cinco anos depois da criação do bem sucedido espetáculo, Brasília recebe a sequência, Romance Volume III. Em vez de jogar luz sobre a conquista do almejado par ideal, o texto de Marisa e da jornalista Teté Martinho conversa com quem, após o casamento, anda às voltas com os dilemas da vida a dois.

Na peça, Marisa dá vazão à faceta de cantora. Uma maneira de relembrar a época em que participava da banda Vexame, há 20 anos.
 
O público não se surpreenderá pois, assim como fazia à frente do grupo de música brega e em humorísticos como o Sai de baixo, Marisa deixa à mostra a veia cômica que lhe acompanha desde o início da carreira.

O público poderá conferir improvisos no estilo stand up comedy e repertório calcado em músicas românticas. Em cena, a atriz sobe ao palco ao lado de Xuxa Levy (teclados), Carneiro Sândalo (bateria), Hugo Hori (sopros), Marcos Camarano (guitarra) e Paulo Bira (baixo), batizada como banda Romance.

Perguntas // Marisa Orth

Considera Romance Volume III - “Agora vai” um espetáculo autobiográfico?

Todo espetáculo é um pouco autobiográfico. A ideia da peça é minha, mas a escolha das músicas foi feita em parceria com Natália Barros, a diretora. Somos colegas de trabalho desde o Luni, minha primeira banda e, nesse caso, não é como se eu gravasse um disco e entregasse nas mãos dela. Houve uma troca, um diálogo. Primeiro, nasceu o show. A partir disso, montamos a peça. Temos muito improviso e piadas pessoais. Só de botar minhas grandes amigas para auxiliar em todo o processo, como a Teté Martinho, tem um quê de biografia sim, pois elas me conhecem, sabem o que quero delas, o tipo de humor que me interessa. Mas nem todas as histórias contadas em cena foram vividas por mim. Algumas são relatos de amigas.

Li que, para montar a narrativa da peça, você se baseou em alguns conceitos cênicos americanos. O que o teatro brasileiro tem a aprender com esses conceitos?

Eu sei fazer um tipo de coisa que noa vejo muito aqui. Sou louca pela Bette Midler, grande comediante americana, que fez Janis Joplin num filme antigo, The Rosa. Eu via os shows dela em DVD e adorava. Ela é uma grande cantora, mas insere piadas nos shows, mistura tudo isso. Foi nela que me inspirei. O teatro brasileiro tem muito a aprender com o americano. A arte preferida do brasileiro é a musica, e a do americano, o teatro, uma herança cultural dos ingleses. Lá, há essa grande valorização do drama. É um espetáculo diferente, não é um musical, tem uma banda no palco e eu, textos, cenas, tudo coexistindo. Mas não tem quarta parede: há números em que desço e interajo com a plateia.

Os musicais e peças musicadas têm feito sucesso no país. O que pensa desse boom?
Assisti todas: Tim maia, Rita Lee, Elis Regina… Eu já gostava de musical, e depois que fiz A Família Addams perdi o preconceito. Se for preciso ter música em cena para aproximar o brasileiro do teatro, ótimo. Meu barato é o palco, e vejo com bons olhos tudo que aproxima o público dele.

O que a motiva a falar de amor?

No romance, todo mundo é muito parecido. Gosto de situações em que todos se igualam. Em qualquer relacionamento, seja na hora da paixão ou do desapego, os clichês unem as pessoas. As frases são as mesmas: “Ele vai ver”, “Nunca mais vou fazer isso”, esse tipo de sentença é tão banal, mas a gente sempre quer e faz tudo de novo. E pensa que dessa vez vai ser diferente. Alguma vez vai ser, e  a graça é essa. Eu sou uma cafona, meu pé no brega continua. No espetáculo, há músicas mais “chics”, como Caetano Veloso. Mas também tem Aviões do Forró! Sou libriana né? Eu acredito em astrologia e, quando estou apaixonada,  gosto de ler o horóscopo do parceiro, acredito piamente nisso. Sou uma romântica clássica!

Qual sua análise do retorno de cantores considerados do “lado B” e que retornaram a cena atual nas vozes de outros artistas, como aconteceu com Odair José?


É um lado B para uma elite da população, mas para outros, a maioria, aliás, sempre foi o lado A. Desde o final da ditadura, que não faz tanto tempo assim, vemos uma participação de todas as classes do país na formação dessa   nova identidade musical. Tem gente que gosta, tem gente que torce o nariz, mas é preciso aceitar: é o povo brasileiro fazendo seu próprio som, criando uma nova identidade.

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